Rogério de Andrade, sobrinho de um dos personagens mais proeminentes da contravenção carioca, assumiu os negócios da família após a morte de Castor de Andrade em 1997. Castor, um bicheiro famoso, sofreu um ataque cardíaco enquanto jogava cartas com um amigo. Desde então, Rogério se tornou responsável pela exploração do jogo do bicho, máquinas caça-níqueis, bingos e cassinos na zona oeste do Rio de Janeiro.
Na quinta-feira (17), por decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), Rogério Andrade foi liberado do uso da tornozeleira eletrônica e não precisa mais retornar para casa até as 18 horas para cumprir o recolhimento noturno.
Como braço direito de seu tio, Rogério compartilhou a herança de Castor com o filho do bicheiro, Paulo Roberto de Andrade, que faleceu um ano após o pai, e com o ex-cunhado, Fernando Iggnácio, assassinado a tiros em um heliponto na zona oeste do Rio de Janeiro em 2020. Rogério também foi investigado como mandante desses dois crimes.
A contravenção é uma força significativa no estado do Rio de Janeiro, e as disputas pela exploração do jogo não se limitam à família de Castor. Desde a década de 1970, foi estabelecida uma espécie de divisão territorial para acalmar os conflitos entre os bicheiros da chamada “velha cúpula”. Embora tenha funcionado por um tempo, as novas gerações voltaram a entrar em conflito, especialmente em relação aos pontos de exploração das máquinas caça-níqueis.
Nos últimos anos, Rogério de Andrade esteve envolvido em uma guerra declarada contra Bernardo Bello, alvo de uma operação do Ministério Público no início de março. Além disso, a nova geração de bicheiros inclui outros nomes, como Adilson Coutinho Oliveira Filho, conhecido como Adilsinho, herdeiro de uma família de bicheiros da Baixada Fluminense, e Vinicius Drumond, filho de Luizinho Drumond, falecido em 2020, que controlava pontos de jogo na zona da Leopoldina.
Na disputa violenta pelos pontos de jogo, Rogério de Andrade também foi alvo. Em um atentado em 2010, explosivos foram colocados dentro do carro em que ele estava. Seu filho, Diogo de Andrade, que dirigia o veículo, não sobreviveu, mas Rogério sofreu ferimentos no rosto.
Além de sua atuação no mundo da contravenção, Rogério de Andrade tem uma forte ligação com o Carnaval do Rio de Janeiro. Assim como outros líderes importantes do jogo do bicho, Castor de Andrade estava intensamente envolvido com o Carnaval e foi um dos fundadores da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). A paixão de Castor era pela Mocidade Independente de Padre Miguel, e Rogério seguiu os passos de seu tio no samba. Atualmente, ele é o patrono da agremiação.
Apesar de sua prisão domiciliar e uso de tornozeleira eletrônica desde dezembro de 2022, Rogério não pôde comparecer ao último desfile na Sapucaí devido à falta de autorização judicial. Sua esposa, Fabíola Andrade, atual rainha de bateria da Mocidade, costuma compartilhar fotos ao lado do marido em viagens e eventos especiais para seus cerca de 50 mil seguidores nas redes sociais.