Segundo informações do Correio Braziliense, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, revelou em uma conversa com jornalistas estrangeiros que cortou relações com seu filho, Nuno, devido ao caso das gêmeas brasileiras. O líder português está sob investigação do Ministério Público por supostamente favorecer as meninas em um tratamento que custou 4 milhões de euros (mais de R$ 22 milhões) aos cofres públicos, a pedido de seu filho.
Rebelo de Sousa considerou a atitude de Nuno “imperdoável”, especialmente porque ele ocupa um cargo público e político. O presidente afirmou que não se importa se o filho será responsabilizado, destacando que, aos 51 anos, Nuno é adulto e deve arcar com as consequências de suas ações.
A relação entre Rebelo de Sousa e seu filho já estava abalada há meses, mas o escândalo das gêmeas brasileiras no final do ano passado agravou ainda mais o rompimento. No último Natal, a família ficou dividida, e o presidente passou a noite longe de vários netos.
O distanciamento entre pai e filho começou durante uma viagem do presidente a Brasil. Nuno havia organizado um encontro com políticos brasileiros para demonstrar sua influência junto ao governo português. Quando Rebelo de Sousa descobriu o motivo por trás desse encontro, ficou extremamente chateado e decidiu se afastar de Nuno.
O presidente explicou que se recusou a permitir que seu filho usasse sua posição para benefício próprio. Ele alertou outros políticos brasileiros sobre essa situação, enfatizando que não queria que o filho fosse usado como intermediário. Esse episódio ocorreu pouco antes do caso das gêmeas, reforçando a decisão de cortar relações com Nuno.
Quando Nuno procurou o pai para pedir ajuda às gêmeas brasileiras, Rebelo de Sousa estava prestes a passar por uma cirurgia cardíaca. No entanto, a Casa Civil da Presidência da República já havia negado o pedido do filho, tornando a situação ainda mais delicada.
Meses depois, Nuno entrou em contato novamente, informando que a Casa Civil estava contra ele. Rebelo de Sousa recordou que o pedido original ocorreu em 2019, durante um ano eleitoral. Ele teve que recorrer à tecnologia para recuperar as mensagens trocadas com o filho, pois não se lembrava dos detalhes envolvendo as gêmeas.
O caso das gêmeas coincidiu com um momento de turbulência em Portugal, devido ao pedido de demissão do então primeiro-ministro, António Costa, acusado de corrupção. Rebelo de Sousa encontrou consolo no filho em relação a esse caso, enquanto também lidava com a questão da saúde pública e a investigação da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde.
Para Rebelo de Sousa, “foi um período chato, de ter um filho com o qual não se tem relacionamento, e que vai continuar sendo chato enquanto for preciso”, que que está sendo investigado pelo Ministério Público. Mas ele destacou que o mais penalizador foi a divisão da família, não falar com um filho, que, antes do Natal, pousou em Lisboa disfarçado “com um boné” e óculos escuros.
O tratamento das gêmeas brasileiras, que têm nacionalidade portuguesa. foi aprovado com celeridade nunca vista e envolveu o medicamento mais caro do mundo, o zolgensma. As meninas são portadoras de uma doença rara, atrofia muscular espinhal (AME). A própria mãe delas admitiu que o acesso ao remédio só foi possível “graças a um pistolão”.