Foto: Reprodução/Associação Comercial.
Alfredo Cotait Neto, presidente da CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil), destaca que o governo federal continuará enfrentando desafios no Orçamento até que haja uma reforma administrativa. As informações são do Poder 360.
Cotait mencionou o déficit de R$ 230,5 bilhões em 2023. Ele afirma que, se os gastos persistirem, o país precisará de um aumento tributário a curto prazo.
“Não poderíamos ter discutido uma reforma tributária sem antes abordar uma reforma administrativa. É necessário saber quanto gastamos para determinar a renda necessária que cubra esses gastos. O governo faz o contrário: busca arrecadar o máximo possível, sem controlar os gastos”, explicou o empresário ao Poder360.
Cotait argumenta que uma mudança na administração pública traria transparência aos gastos, enquanto uma reforma tributária poderia ser planejada de forma mais adequada.
“O governo não fez sua parte. Não definiu seus custos e está ajustando a receita de forma aleatória. Isso resultará em mais déficit”, disse o executivo.
Segundo Cotait, a ordem das reformas foi invertida por “falta de vontade política”.
Ele acredita que a reforma administrativa, mesmo depois da tributária, poderia contribuir para uma melhora estrutural das contas públicas. “Em algum momento, ela terá que ser feita. As despesas só aumentam sem uma base adequada de gastos”.
Uma proposta de reforma administrativa enviada por Jair Bolsonaro (PL) está parada no Congresso desde 2020.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu na quarta-feira (24 de abril) o avanço da proposta, mas afirmou que não há apoio da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele fez esse comentário durante um ciclo de debates realizado pela CACB.
Na visão dos empresários presentes, uma reforma administrativa trará maior eficiência na gestão do funcionalismo público.
Reforma do consumo
Cotait defende uma redução na alíquota média da reforma tributária do consumo. O governo projeta que ela seja de 26,5% para comércio e serviços. “Não podemos aceitar que chegue a esse nível”, afirmou.
Ele está preocupado que a nova alíquota possa inviabilizar muitos negócios, levando ao fechamento de várias empresas.
“Houve uma transferência de impostos para o comércio e serviços, o que não concordamos”, ressaltou.
“Uma estrutura tributária que limite a liberdade de oferecer serviços está impedindo a criação e o crescimento de novas empresas, bem como a geração de mais empregos e renda para o país”, acrescentou.
Segundo Cotait, as pequenas empresas, que estão no Simples Nacional, não serão diretamente afetadas pela reforma do consumo. “Conseguimos manter o Simples Nacional durante a reforma tributária. Isso foi uma grande conquista”.
Quem é Alfredo Cotait Neto
Alfredo Cotait Neto, 77 anos, é paulista. Com formação em engenharia civil e mestrado em economia e administração de empresas, ele foi secretário de Planejamento e de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo.
Assumiu o cargo de senador pelo Estado de São Paulo como suplente de Romeu Tuma, que faleceu em outubro de 2010.
Durante sua carreira na iniciativa privada, liderou empreendimentos nos setores financeiro, hoteleiro, hospitalar e da construção civil. Cotait é presidente da CACB desde 2022.