Durante a pandemia, quando o preço dos carros novos subiu, o mercado de usados passou por uma verdadeira revolução. Nesse período, muitas pessoas chegaram a vender seus veículos, com anos de uso, por um valor maior do que pagaram quando eram zero-quilômetro. Atualmente, os automóveis novos estão com preços em queda. E é exatamente por isso que quem está pensando em atualizar sua garagem deve agir rapidamente.
As reduções de preços começaram com os carros elétricos, devido à chegada de novos concorrentes com ofertas competitivas. Mas nas últimas semanas, modelos a combustão também estão passando por cortes na tabela ou promoções, incluindo veículos da Hyundai, Toyota, Volkswagen, Ford, Fiat e Caoa.
De acordo com Enilson Sales, presidente da Fenauto (Federação dos Revendedores de Veículos Usados), esse fenômeno também vai chegar aos carros usados, mas com um atraso médio de três meses.
“Quando o preço dos carros zero-quilômetro começa a cair, significa que há mais oferta do que procura. Quem precisa vender o carro usado vai enfrentar a concorrência do novo, principalmente entre os modelos de zero a três anos. Ou seja, o preço desses modelos também vai cair. Por isso, quem está pensando em fazer a troca deve agir rapidamente: vender logo o usado – enquanto os valores não foram afetados – e aproveitar o desconto do novo,” opina.
Carros vão baixar mais?
O debate sobre a redução de preço dos carros devido aos modelos eletrificados não se limita ao mercado brasileiro. Praticamente todo o mundo enfrenta a concorrência chinesa no mercado automotivo, criando uma verdadeira corrida pelo primeiro carro elétrico abaixo de 20 mil dólares.
Para ilustrar, a Tesla reduziu os preços de alguns de seus modelos para competir com a BYD. Sobre essa estratégia, Carlos Tavares, CEO global da Stellantis, grupo que controla marcas como Fiat, Peugeot e Jeep, afirmou que esse jogo “será uma corrida para o fundo do poço e isso terminará em banho de sangue”, referindo-se à queda nas margens de lucro das montadoras.
O consultor automotivo Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, explica que o cenário pode mudar significativamente no Brasil. “A ameaça de preços existe. O ticket médio de carros novos no Brasil é de R$ 148 mil. Com certeza, a presença desses veículos na faixa de R$ 100 mil afeta os modelos a combustão e deve impactar seus preços,” comenta.
Para Ricardo Bacellar, fundador da Bacellar Advisory Boards, mesmo que os consumidores não valorizem a questão sustentável dos carros elétricos e híbridos, muitos já consideram esse segmento devido à quantidade de tecnologia embarcada nesses veículos, quando comparados com seus concorrentes a combustão.
“O GWM Haval e o BYD Song Plus brigam com carros entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. No fim do dia, o mercado consumidor é o mesmo, não importa se seja híbrido ou a combustão. Quanto mais competitivos esses novos carros ficarem, mais o mercado como um todo terá que se adaptar. É claro que a queda de preço vai chegar”, analisa.
Com informações de UOL/Carros/Paula Gama