O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), está profundamente envolvido nas negociações relacionadas ao Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições municipais em Minas Gerais. Ele trabalhou para que o seu partido abrisse mão de candidaturas em cidades do interior do estado, a fim de fortalecer as campanhas petistas. Como aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Pacheco busca se posicionar como um possível candidato a governador de Minas, e essa tarefa pode ser facilitada se o PT também decidir apoiar sua candidatura.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que é presidente licenciado do PSD de Minas, também tem desempenhado um papel importante nessas alianças com os petistas. Além do apoio nas disputas pelas prefeituras, o PSD considera natural que o PT tenha espaço na chapa majoritária, que provavelmente será liderada por Pacheco. A ideia é que a legenda de Lula indique o nome ao Senado ou à vice-governadoria.
Silveira também é mencionado como candidato a um desses cargos, mas, segundo seus aliados, ele ainda não decidiu se participará da eleição de 2026. Ele está avaliando a possibilidade de permanecer no cargo atual ou assumir um papel na campanha de reeleição de Lula.
O deputado Luiz Fernando Faria (PSD-MG), coordenador da bancada mineira no Congresso, afirmou que o projeto do PSD em Minas para 2026 é alinhar-se com a esquerda. A ideia é que o PSD apoie as prefeitas Marília Campos (PT), de Contagem, e Margarida Salomão (PT), de Juiz de Fora, ambas pré-candidatas à reeleição. Além disso, estão na lista os deputados federais e candidatos petistas a prefeito Paulo Guedes (Montes Claros), Dandara (Uberlândia), Leonardo Monteiro (Governador Valadares) e Tarcilei de Brito (Teófilo Otoni).
Apesar do desempenho insatisfatório nas eleições de 2020, onde não conseguiram eleger nenhum prefeito de capital, o PT emergiu como o terceiro maior partido em Minas Gerais em termos de população governada. Essa posição ficou atrás apenas do PSD e do DEM, que posteriormente se fundiu com o PSL para formar o União Brasil.
As negociações vão além do PSD e, em alguns casos, envolvem o apoio de outros partidos. Sob a influência de Pacheco e Silveira, o União Brasil está considerando apoiar as prefeitas de Contagem e Juiz de Fora. Em Belo Horizonte, a sigla deve se alinhar ao prefeito Fuad Noman (PSD), que busca um novo mandato com uma aliança que também pode incluir o PT.
Em Juiz de Fora, a atuação de Pacheco prejudicou os planos do ex-deputado Júlio Delgado (MDB), que era seu assessor. Delgado, que antes estava no PV, buscava filiação ao União Brasil para concorrer à prefeitura da cidade, mas devido à proximidade da sigla com a prefeita, optou por ingressar no MDB.
Em algumas cidades, como Uberlândia e Governador Valadares, o diálogo ainda visa convencer membros locais do PSD a desistirem de suas candidaturas. No entanto, o comando estadual do partido está empenhado em apoiar o PT nesses casos. O vice-prefeito de Uberlândia, Paulo Sérgio, é do PSD e tenta ser candidato, mas Silveira já afirmou em conversas com interlocutores que o partido apoiará a deputada petista Dandara.
Essas alianças também são relevantes no contexto da disputa entre o deputado federal Rogério Correia (PT) e o prefeito Fuad Noman na eleição em Belo Horizonte.
Membros do PSD ainda estão empenhados em persuadir Correia a desistir de sua candidatura. No entanto, caso não haja acordo, a compreensão é de que isso não prejudicará a relação entre as duas legendas, e uma possível união ocorrerá no segundo turno contra um candidato bolsonarista.
As prefeitas petistas de Contagem e Juiz de Fora recentemente estiveram no Senado, participando de reuniões com Pacheco. O prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira (PT), presidente da frente mineira de prefeitos, busca eleger seu sucessor e mantém diálogo frequente com o presidente do Senado.
— A articulação para nossa candidatura majoritária envolve, sem dúvida, o diálogo com o presidente Rodrigo Pacheco — afirmou a prefeita Margarida Salomão.
No entanto, ela ressalta que o apoio a uma eventual candidatura de Pacheco ao governo é “uma conversa que deve ocorrer no momento certo”.
Aliados do senador também consideram natural a aliança entre PT e PSD, destacando que ela já existe desde 2022. Apesar de não descartar sua própria candidatura, Pacheco está atento para não dar a impressão de que utiliza o cargo de presidente do Senado apenas como trampolim para as eleições de 2026.
— Em Minas, há uma discussão positiva sobre a colaboração entre PT, PSD e outros partidos do campo democrático popular. A questão da candidatura ao governo de Minas deve ser ouvida diretamente dele (Pacheco). Enquanto presidente do Senado, estamos alinhados com ele, e ele também é uma liderança que mantém diálogo frequente com o presidente Lula, auxiliando nas negociações sobre a dívida de Minas — declarou o deputado e pré-candidato em Governador Valadares pelo PT, Leonardo Monteiro.