Neom/Divulgação
Entre as diversas construções grandiosas propostas para a Neom, a megalópole que a Arábia Saudita planeja erguer no deserto, destaca-se a The Line, uma cidade futurista inicialmente concebida como uma extensa faixa urbana espelhada ao longo da costa do Mar Vermelho.
Contudo, parece que o projeto será ajustado para uma escala mais realista.
Originalmente, o plano previa uma área urbana de 200 metros de largura, composta por edifícios espelhados paralelos de 500 metros de altura. Estes prédios se alinhariam ao longo de uma linha de cerca de 170 quilômetros, onde aproximadamente 9 milhões de moradores se deslocariam em trens de alta velocidade, em um ambiente livre de carros e alimentado por energia sustentável.
Esperava-se que esta visão de cidade do futuro estivesse completa até 2030, mas os planos foram alterados. A ambiciosa metrópole, antes orçada em 1,5 trilhão de dólares, teve seu projeto revisto e, ao menos por ora, será desenvolvida em menor escala.
Dos 170 km planejados, acredita-se que apenas pouco mais de 2,4 km estarão concluídos até 2030. A expectativa do governo de abrigar uma população de cerca de 1,5 milhão de pessoas também foi revista, com projeções atuais indicando uma população de pouco mais de 300 mil habitantes para o mesmo ano.
A notícia do redimensionamento do projeto não surpreendeu a todos. Desde o anúncio, o projeto tem sido alvo de ceticismo e controvérsias, começando por seu idealizador.
O líder do projeto é o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, acusado de estar envolvido no assassinato do jornalista do Washington Post, Jamal Khashoggi, entre outras violações de direitos humanos.
A construção da cidade também enfrentou críticas. Desde 2021, quando o projeto começou a ser implementado, houve resistência de comunidades locais. O governo foi acusado de cometer atos contra a tribo Howeitat, que se recusou a ceder suas terras para o empreendimento.
As alterações no projeto também refletem dificuldades financeiras. Uma das empresas contratadas para a construção começou a demitir empregados, enquanto o orçamento de 2024 para a Neom ainda aguarda aprovação pelo governo saudita. Isso ocorre após uma redução de 15 bilhões de dólares nas reservas do fundo soberano do país.
Além disso, há relatos de trabalhadores que apontam para problemas orçamentários decorrentes da natureza utópica e desconectada da realidade da cidade.
O conceito original de bin Salman descrevia uma cidade mais extensa que a distância entre Nova York e Filadélfia, inteiramente composta por arranha-céus espelhados mais altos que o Empire State Building.
Essa metrópole futurista faz parte de um plano maior para reduzir a dependência da Arábia Saudita do petróleo. Além da The Line, o projeto inclui uma cidade industrial, portos, atrações turísticas e um resort. Há também a expectativa de que a região seja a anfitriã dos Jogos de Inverno Asiáticos em 2029.