foto: Wagner Lauria Jr.
Desemprego avançou para 7,9% nos três primeiros meses de 2024, mas é o menor para 1º trimestre desde 2014; entenda
A taxa de desemprego no Brasil aumentou 7,9% no 1º trimestre de 2024. Segundo o economista do Mackenzie Hugo Garbe, os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (30) podem ter sido influenciados negativamente pelo setor de serviços por dois fatores: taxa de juros ecrise no varejo.
“A perspectiva de redução nas taxas de juros mais lenta do que o esperado tem um impacto direto; além disso, a crise no varejo, em que várias empresas se endividaram na pandemia, pode ter colaborado com a taxa de desemprego neste trimestre”, ressalta
Ele pontua que em 2023 foi registrado um número recorde de pedidos de recuperação judicial no país que, fruto do endividamento na pandemia, como Casas Bahia e Americanas. Segundo Garbe, em uma análise da queda Índice de Confiança de Serviços (ICS), é possível perceber que houve uma diminuição do “apetite” do empregador de abrir novas vagas de emprego.
“O índice mede disposição e confiança do empresário na economia. Se ele tem confiança de que a economia irá bem, investirá mais no negócio, abrirá mais lojas e fábricas, e consequentemente empregará mais pessoas.”, explicou
Apesar do avanço de 0,5% frente aos três últimos meses de 2023, que registrou uma taxa de 7,4%, o número é o menor para o período desde 2014, quando o índice foi de 7,2%.
Segundo a coordenadora de Pesquisas domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, o aumento da taxa em relação ao trimestre anterior se relaciona com a dispensa de funcionários temporários de final de ano.
“O aumento da taxa de desocupação foi ocasionado pela redução na ocupação. Esse panorama caracteriza um movimento sazonal da força de trabalho no primeiro trimestre de cada, com perdas na ocupação em relação ao trimestre anterior”, explica
Renda aumentou
Os dados do IBGE, que integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), mostram que, apesar do aumento no desemprego, a renda entre os ocupados cresceu e foi para R$ 3.123 em média. É o maior patamar para o 1º trimestre de 2012, início da série histórica da pesquisa, segundo o Instituto.
No trimestre, o crescimento do rendimento foi de 1,5% no trimestre (o valor era de R$ 3.077 no 4º trimestre de 2023) e 4% no ano (o valor era de R$ 3.004 no 1º trimestre de 2023).
Previsões para os próximos meses
Segundo o economista, a previsão para os próximos meses é de uma recuperação “tímida” no emprego, “apesar do cenário favorável”.
“Projeções para os próximos meses, apesar das condições macroeconômicas favoráveis, como a baixa da taxa de juros e controle da inflação, indicam uma recuperação potencialmente tímida”, disse.