Um estudo conduzido por pesquisadores do Reino Unido, Estados Unidos e Dinamarca revelou uma possível ligação entre a vitamina D e a imunidade contra o câncer. De acordo com os cientistas, a vitamina D pode estimular o crescimento de uma bactéria intestinal que melhora a resposta do sistema imunológico contra o câncer.
O Dr. Carlos Silva, oncologista e consultor do Hospital Universitário Austral, ressalta que, embora a vitamina D seja usada atualmente para tratar a osteoartrite, não é recomendada como parte do tratamento ou prevenção do câncer. Em um estudo pré-clínico publicado na revista Science, os pesquisadores associaram a vitamina D ao estado saudável do microbioma e sua relação com o câncer. No entanto, ainda são necessárias três fases de ensaios clínicos com pacientes para comprovar a eficácia e segurança da vitamina D na prevenção e tratamento oncológico.
Os pesquisadores descobriram que a vitamina D atua nas células do intestino, aumentando a presença da bactéria Bacteroides fragilis, que confere maior imunidade contra o câncer. Esse achado surpreendeu os cientistas, que agora buscam entender melhor como a vitamina D influencia o microbioma intestinal e sua relação com a imunidade contra o câncer.
O estudo, publicado na revista Science, analisou dados de 1,5 milhão de pessoas na Dinamarca e encontrou uma associação entre níveis mais baixos de vitamina D e um maior risco de câncer. Além disso, análises em pacientes com câncer sugeriram que aqueles com níveis mais altos de vitamina D tinham maior probabilidade de responder bem aos tratamentos imunológicos contra o câncer.
O Dr. Caetano Reis e Sousa, chefe do Laboratório de Imunobiologia do Crick e autor principal do estudo, destacou: ‘Ficamos surpresos com o fato de que a vitamina D pode regular o microbioma intestinal, favorecendo uma bactéria que proporciona maior imunidade contra o câncer em ratos’. Apesar dos resultados promissores, ainda são necessárias mais pesquisas para compreender completamente o papel da vitamina D na prevenção e tratamento do câncer.
Evangelos Giampazolias, atual chefe do Grupo de Imunovigilância do Câncer do Instituto de Pesquisa do Câncer do Reino Unido, acrescentou: ‘Determinar os fatores que distinguem um microbioma ‘bom’ de um ‘ruim’ é um desafio importante. Descobrimos que a vitamina D ajuda as bactérias intestinais a promover a imunidade contra o câncer, melhorando a resposta à imunoterapia em ratos’.
Embora o estudo abra novas possibilidades para o tratamento do câncer, os especialistas alertam que ainda são necessárias mais pesquisas para compreender completamente os mecanismos envolvidos e confirmar a eficácia da vitamina D na prevenção e tratamento do câncer.