A pandemia de 2020 trouxe à tona uma realidade desconcertante na AES, uma empresa de energia: quase todos os funcionários operacionais eram homens. O diretor de Recursos Humanos, Rodrigo Porto, revelou que o censo interno da empresa mostrou que 98% dos funcionários operacionais eram homens e apenas 2% eram mulheres.
Segundo informações da Folha de S. Paulo, para combater essa disparidade, a AES tomou a decisão inovadora de operar dois novos parques eólicos no Nordeste exclusivamente com mulheres. Apesar de alguns obstáculos iniciais, incluindo a resistência de alguns clientes e a dificuldade em encontrar equipamentos de proteção adequados para as trabalhadoras, o projeto foi bem-sucedido e agora emprega 20 mulheres em Tucano (BA) e Lajes (RN).
A empresa fez parceria com o Senai para capacitar mulheres para trabalhar em usinas eólicas. Atualmente, 11 mulheres estão empregadas na usina de Tucano e nove no complexo eólico Cajuína, em Lajes, que começou a operar no segundo semestre do ano passado.
Juliana Oliveira, 35, coordenadora na usina da AES em Tucano, destaca que o ambiente de trabalho feminino é uma mudança bem-vinda em relação às suas experiências anteriores em um campo dominado por homens.
Apesar desses avanços, a AES reconhece que ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar a paridade de gênero. No final do ano passado, cerca de 86% dos contratados para operar nas usinas ainda eram homens.
Especialistas concordam que o setor de energia ainda é dominado por homens. No entanto, iniciativas como o projeto H2Brasil, que visa difundir conhecimentos sobre hidrogênio verde, estão fazendo esforços para atrair mais mulheres para o setor. A engenheira de energia Icoana Martins, 32, também está trabalhando para atrair mais mulheres para o setor de hidrogênio verde com o projeto H2Todos.