Na terça-feira (2), a Comissão de Energia Atômica da França (CEA) revelou as primeiras imagens do cérebro humano capturadas pelo mais poderoso aparelho de ressonância magnética do mundo. Segundo os líderes do projeto, o scanner alcançou um grau de precisão inédito, o que pode ser crucial para a detecção de doenças.
Em 2021, os pesquisadores usaram o equipamento pela primeira vez para fazer uma varredura em uma abóbora. Recentemente, o uso do dispositivo em seres humanos foi aprovado pelas autoridades de saúde.
Nos últimos meses, aproximadamente 20 voluntários saudáveis se disponibilizaram para terem seus cérebros escaneados. O equipamento está localizado em um laboratório em Saclay, uma cidade ao sul de Paris.
“Vimos um nível de precisão nunca antes alcançado no CEA”, disse Alexandre Vignaud, um físico que trabalha no projeto.
O campo magnético criado pelo scanner é de 11,7 teslas. Essa potência permite que a máquina escaneie imagens 10 vezes mais precisas do que os aparelhos normalmente utilizados em hospitais – cuja potência geralmente não supera os três teslas.
Em uma tela de computador, Vignaud comparou imagens tiradas por esse poderoso scanner, apelidado de Iseult, com imagens de uma ressonância magnética normal.
“Com essa máquina podemos ver os pequenos vasos que alimentam o córtex cerebral, ou detalhes do cérebro que eram quase invisíveis até agora”, detalha.
Visão axial do cérebro, sob o mesmo tempo de aquisição, mas com diferentes intensidades de campo magnético. — Foto: Reprodução/Comissão de Energia Atômica da França (CEA)
Estrutura da máquina
O equipamento é formado por um cilindro com cinco metros de altura e cinco metros de largura. Dentro deste cilindro, há um ímã de 132 toneladas, alimentado por uma bobina de 1.500 amperes. A entrada para o paciente tem 90 centímetros de largura.
Este dispositivo é o resultado de vinte anos de pesquisa colaborativa entre engenheiros da França e da Alemanha.
Atualmente, os Estados Unidos e a Coreia do Sul estão desenvolvendo máquinas de ressonância de potência similar, mas ainda não iniciaram a digitalização de imagens humanas.
Um dos principais propósitos deste projeto é aprofundar o entendimento da anatomia cerebral e compreender quais áreas são ativadas ao realizar certas tarefas.
Já foi demonstrado por cientistas, através do uso de scanners de ressonância magnética, que quando o cérebro identifica coisas específicas, como rostos, locais ou palavras, duas áreas do córtex cerebral são ativadas.
A potência de 11,7 teslas ajudará o Iseult a “compreender melhor a relação entre a estrutura do cérebro e as funções cognitivas, por exemplo, quando lemos um livro ou realizamos um cálculo mental”, disse Nicolas Boulant, diretor científico do projeto.
Imagem do cérebro escaneada pelo projeto Iseult. — Foto: Reprodução/Comissão de Energia Atômica da França (CEA)
Com informações de G1