Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil
Nesta quarta-feira, 24, veio a público que as agências Moringa, BRMais, Área Comunicação e Usina Digital foram as vencedoras da megalicitação de comunicação realizada pelo governo Lula, com o objetivo de impulsionar a popularidade do presidente. Curiosamente, o Antagonista já tinha conhecimento do resultado desde o dia anterior, levantando questionamentos sobre a transparência do processo.
O anúncio precoce do resultado levanta suspeitas, uma vez que os autores das propostas vencedoras só deveriam ser revelados durante a sessão pública desta quarta-feira, já que o julgamento ocorre com as propostas anonimizadas. Os 197 milhões de reais destinados pelo Palácio do Planalto para “combater fake news” serão divididos entre essas quatro agências próximas ao governo Lula, levantando ainda mais dúvidas sobre a lisura do processo. Elas competiram com outras 20 empresas, algumas delas com maior experiência no setor público do que as vencedoras.
O resultado anunciado nesta quarta-feira já tinha sido publicado horas antes, na terça-feira, em uma postagem enigmática no perfil de um dos autores da matéria, indicando as iniciais das agências vencedoras.
As conexões das agências vencedoras com figuras políticas levantam preocupações adicionais. A Área Comunicação tem vínculos com Otávio Antunes, marqueteiro do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enquanto a Usina Digital é associada a Sidônio Palmeira, marqueteiro de Lula na última campanha. A BR+ tem ligações com os deputados federais Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT. Por fim, a agência Moringa L2W3 é associada a Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República.
O processo de licitação foi concluído em um tempo relativamente curto, com menos de dois meses, e baseou-se em critérios vagos de “melhor técnica”, em vez do mais objetivo “melhor preço”. O edital abrangeu uma série de serviços, desde o planejamento e implementação de soluções de comunicação digital até o desenvolvimento de estratégias de comunicação e ações para combater fake news. Se o objetivo do contrato é realmente combater a desinformação, este início levanta sérias dúvidas sobre sua eficácia.