Na tarde desta quarta-feira (6), ocorreu a queda de uma aeronave monomotor da Polícia Federal no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. O acidente resultou em duas vítimas fatais e uma pessoa ficou ferida.
O que aconteceu?
Segundo o Corpo de Bombeiros, o avião da PF chegou a decolar do Aeroporto da Pampulha e perdeu altitude instantes depois, caindo na lateral da pista, às 14h14 desta quarta-feira. A aeronave pegou fogo ao atingir o solo.
“A gente percebeu através das imagens a decolagem dessa aeronave e, depois, uma tentativa de retorno, mas ainda não chegou nenhuma informação que trouxesse esclarecimento sobre a causa”, informou o tenente Henrique Barcellos, do Corpo de Bombeiros.
Uma transmissão ao vivo captou a escuta aérea do aeródromo poucos momentos após a queda. No diálogo entre os controladores da torre e do solo, eles constataram a tragédia.
“Você visualizou o cara decolando? […] Escutou um barulho? Parece que houve uma queda de altura. Poderia confirmar se ele está voando?”, disse o controlador de solo.
“Confirmo, acidentado na cabeceira do trecho. Nas proximidades da área dos bombeiros. Nós visualizamos aqui infelizmente a fumaça do evento”, respondeu o controlador da torre.
A torre de controle é encarregada de prestar os serviços para as aeronaves durante a decolagem e o pouso. Uma das funções dela é controlar o circuito de tráfego aéreo visual do aeródromo.
A “área dos bombeiros”, citada pelo controlador, é a Academia de Bombeiros Militar, situada bem ao lado do aeroporto. Ela reúne militares em formação, oferece treinamentos e cursos de formação.
Quem estava no avião?
Guilherme de Almeida Irber e José de Moraes Neto, policiais federais de Brasília (DF), foram as vítimas do trágico incidente. Ambos estavam lotados na Coordenação de Avião Operacional da PF e perderam a vida no local (mais detalhes abaixo).
Walter Luís Martins, mecânico de uma empresa terceirizada, de 51 anos, foi resgatado com trauma abdominal, mantendo-se consciente. Ele recebeu atendimento no Hospital João XXIII, localizado na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Uma fonte vinculada à unidade de saúde informou que o estado de Walter é estável.
- Guilherme de Almeida Irber
Guilherme de Almeida Irber era piloto da PF — Foto: Redes sociais
O agente Guilherme de Almeida Irber estudou no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), e se mudou para Brasília em 1995.
- José de Moraes Neto
José de Moraes Neto era um dos tripulantes do avião da PF que caiu em BH — Foto: Redes sociais
José de Moraes Neto estava na Polícia Federal há 28 anos. Segundo pessoas próximas, ele era um piloto experiente de operações especiais. O policial cresceu no Gama, mas morava, atualmente, na Octogonal, em Brasília. José deixou a esposa e dois filhos.
Qual era a aeronave?
Imagens mostram o antes e depois da aeronave da PF — Foto 1: JetPhotos — Foto 2: Corpo de Bombeiros
A aeronave em questão é um monomotor turboélice, do modelo Cessna Grand Caravan 208B, com registro PR-AAB, fabricado em 2001, possuindo 11 assentos e capacidade para acomodar nove passageiros.
Conforme informações fornecidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a documentação do avião estava regular. Contudo, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) revela que o mesmo enfrentou dois incidentes nos anos de 2019 e 2020.
Esses eventos estiveram relacionados a problemas com estouros de pneus, ocorrendo em Jundiaí (SP) e na cidade de São Paulo. Um dos incidentes ocorreu durante o pouso, enquanto o outro aconteceu em solo. Em apenas uma dessas ocorrências, a aeronave sofreu danos leves, enquanto no outro caso, não houve prejuízos.
O Cenipa classifica as ocorrências como incidente, incidente grave e acidente:
- O registrado nesta quarta em BH é classificado acidente, já que houve morte e danos permanentes à aeronave.
- Incidentes são aquelas ocorrências que afetam ou podem afetar a segurança da operação, mas sem grandes consequências.
- O incidente grave é a categoria intermediária, em ocorrências mais sérias, mas sem consequências permanentes para a aeronave ou para a vida dos passageiros.
Quais as causas do acidente?
As causas da queda ainda serão apuradas por investigadores do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa III), órgão regional do Cenipa. Eles foram acionados para o local do acidente.
A ação inicial, primeira etapa da investigação, consiste na coleta e confirmação de dados, na verificação dos danos causados e na sondagem de outras informações necessárias.
Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) disse que também deslocou uma equipe de perícia técnica, “a fim de serem realizados os primeiros levantamentos”.
O que diz a Polícia Federal?
A Polícia Federal informou que já iniciou investigação para apurar as circunstâncias do acidente e que enviaria peritos especialistas em segurança de voo e acidentes aéreos para auxiliar nos trabalhos. O diretor-geral da instituição, Andrei Rodrigues, deve ir ao Aeroporto da Pampulha.
Em nota, a instituição também disse que se solidariza com os familiares e amigos das vítimas e decretou luto oficial de três dias.
As informações são do G1