Na presente semana, o estado do Amazonas emitiu um alerta epidemiológico referente à febre oropouche, comunicando um total de 1.398 casos confirmados da doença desde o início do ano. Na última quinta-feira (29), o estado do Rio de Janeiro também notificou um caso da infecção, conforme confirmado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ).
A febre oropouche é uma enfermidade causada por um arbovírus, ou seja, um vírus transmitido por mosquitos, de maneira semelhante à dengue, que é disseminada pela picada do Aedes aegypti. Além dessa semelhança, os sintomas entre ambas as infecções também apresentam similaridades, como dor muscular, dor de cabeça, dor nas articulações, náusea, vômitos e diarreia.
Então, quais são as distinções entre febre oropouche e dengue? Entenda a seguir:
Formas de transmissão
A principal distinção entre as doenças reside na sua forma de transmissão. A dengue é ocasionada pelo vírus dengue (DENV), pertencente à família Flaviviridae e ao gênero Flavivirus, apresentando quatro sorotipos distintos.
Por outro lado, a febre oropouche é provocada pelo Orthobunyavirus oropoucheense (OROV). O vetor responsável por transmitir esse vírus é o Culicoides paraensis, conhecido como maruim. Outros mosquitos amazônicos, como o Ochlerotatus, também podem desempenhar o papel de transmissores.
Até o momento, não há evidências de que o mosquito Aedes aegypti seja capaz de transmitir o vírus causador da febre oropouche. Entretanto, são necessários estudos adicionais para corroborar essa hipótese.
Sintomas
Os sintomas da dengue e da febre oropouche são bastante semelhantes. No entanto, até onde se sabe, a febre não evolui para quadros graves e hemorrágicos como pode acontecer com a dengue. Por isso, alguns sinais de alerta podem servir para fazer a diferenciação:
- Dor abdominal intensa;
- Sangramento nas gengivas ou no nariz;
- Hipotensão postural (queda na pressão arterial após se levantar);
- Vômitos persistentes;
- Hepatomegalia (aumento do fígado);
- Dificuldade respiratória;
- Letargia.
Estes são indícios típicos da dengue hemorrágica, a forma mais severa da dengue. Adicionalmente, a enfermidade transmitida pelo mosquito Aedes aegypti pode resultar no aparecimento de erupções cutâneas avermelhadas, uma característica não observada na febre oropouche.
Diagnóstico
A diferenciação entre a febre oropouche e a dengue é primariamente alcançada por meio do diagnóstico. Exames como RT-PCR e sorologia são eficazes na detecção do vírus da dengue ou de suas partículas, além de identificar a produção de anticorpos para confirmar a infecção por dengue, excluindo assim a possibilidade de febre oropouche.
No que diz respeito à febre oropouche, o diagnóstico baseia-se na avaliação clínica dos sintomas, na análise epidemiológica (considerando a presença de casos na região do paciente ou o contato com locais afetados por surtos) e em exames laboratoriais que descartam outras arboviroses.
O Ministério da Saúde destaca que a febre oropouche está entre as doenças de notificação compulsória, sendo classificada como de notificação imediata devido ao seu potencial epidêmico e à capacidade significativa de mutação do vírus, representando uma ameaça à saúde pública.
A pasta enfatiza a importância de seguir as orientações das autoridades de saúde locais para reduzir o risco de transmissão, especialmente quando há casos confirmados na região. Em caso de suspeita de febre, é recomendável buscar assistência médica imediatamente e informar sobre a possível exposição à doença.
Adicionalmente, ao manifestar sintomas que podem ser atribuídos tanto à dengue quanto à febre oropouche, é aconselhado evitar o uso de certos medicamentos, como ácido acetilsalicílico (AAS), ibuprofeno, cetoprofeno e prednisona, uma vez que esses podem agravar sangramentos e hemorragias em casos de dengue. Os medicamentos mais indicados para aliviar os sintomas são o paracetamol e a dipirona.
Com informações de CNN