O brasileiro Danilo Cavalcante, de 34 anos, ganhou fama internacional ao escapar de uma prisão de segurança máxima nos Estados Unidos, desencadeando uma busca intensa que durou 14 dias. Ele foi condenado à prisão perpétua por assassinar sua ex-namorada, a maranhense Débora Evangelista Brandão, com 38 facadas, na presença dos filhos.
Antes desses eventos, Danilo residia no Tocantins e enfrentava acusações pelo assassinato de seu amigo, Valter Júnior Moreira dos Reis. A primeira audiência do julgamento estava programada para esta quinta-feira (29), mas foi adiada para 18 de abril. Este é o terceiro adiamento do julgamento, que remonta ao crime ocorrido em 2017.
Em um comunicado divulgado nesta quarta-feira (28), o juiz encarregado do caso solicitou ao Tribunal de Justiça a disponibilização de um intérprete de inglês, acesso a uma ferramenta paga para videoconferência e suporte técnico.
O Tribunal de Justiça do Tocantins explicou que o sistema penitenciário americano enfrenta dificuldades em utilizar a videoconferência através do sistema próprio do TJ, obrigando a remarcação para reorganizar o programa que será empregado.
Relembre o crime que Danilo é acusado no Tocantins
Uma semana antes de ser morto com vários tiros, em 2017, Valter Júnior Moreira dos Reis passou a receber ameaças de Danilo Sousa Cavalcante, de 34 anos. Testemunhas afirmam, durante a investigação, que eles eram amigos e o motivo da desavença seria uma dívida do conserto de um carro.
A dívida seria porque Valter supostamente bateu o carro de Danilo e não conseguiu pagar o conserto.
“Eles conversavam por mensagem. Uma semana antes começou ameaçar ele. Não deu muita moral porque pensava que era amigo e não iria fazer isso com ele, mas uma semana antes começou a ameaçar ele por mensagem e por ligação”, disse Daiane Moreira dos Reis, irmã de Valter Júnior.
O inquérito sobre o caso foi concluído pela Polícia Civil menos de uma semana após o crime, depois de ouvir várias testemunhas que apontaram Danilo Sousa como autor do crime. A respeito da dívida, a investigação apontou apenas que a motivação do crime seria “uma pequena dívida”.
A primeira audiência, na Justiça, sobre o crime foi marcada o dia 8 de setembro, depois que a fuga de Danilo voltou a dar repercussão à morte no Tocantins. Essa audiência deveria acontecer no dia 11 de outubro, mas acabou sendo adiada duas vezes.
Fuga do Brasil
Uma semana após a ocorrência do falecimento de Valter em Figueirópolis, o Ministério Público Estadual (MPE) obteve sucesso em seu pedido de prisão, levando Danilo a tornar-se um fugitivo no território brasileiro. Ele enfrenta acusações de homicídio duplamente qualificado.
No mês de janeiro de 2018, Danilo conseguiu viajar para os Estados Unidos através do Aeroporto de Brasília (DF). Isso se deu porque o mandado de prisão vinculado ao processo em tramitação no Fórum de Gurupi, no sul do Tocantins, ainda não havia sido registrado no banco nacional de mandados. Em outras palavras, a informação acerca do crime estava apenas acessível às autoridades tocantinenses.
O Tribunal de Justiça (TJ) divulgou uma nota explicativa, indicando que a prisão preventiva do acusado foi decretada em 13 de novembro de 2017 e imediatamente encaminhada à Polícia Civil para sua execução. No entanto, o acusado já havia escapado do Tocantins. Em relação ao registro do mandado no banco nacional de prisão, afirmou que a ferramenta, disponível desde 2011, só foi oficializada em 2018.
No dia 4 de novembro de 2022, o juiz Jossanner Nery Nogueira Luna solicitou uma videoconferência com o réu, que estava detido nos Estados Unidos, inclusive providenciando a presença de um tradutor para auxiliar na audiência.
Crime e condenação nos EUA
Danilo é natural do Maranhão. Mudou para o Tocantins com parentes para e chegou trabalhar como lavrador. Débora Brandão, ex-companheira do foragido, é do mesmo estado. Ela vivia regularmente no estado norte-americano da Pensilvânia, onde eles se conheceram. Ele estava ilegal nos EUA.
Débora foi esfaqueada 38 vezes por Danilo na frente dos dois filhos no dia 18 de abril de 2021. Segundo as investigações, ele não aceitava o fim do relacionamento e desde 2020, ameaçava a vítima.
Danilo foi preso quando estava no estado da Virgínia, uma hora depois de matar Débora. A condenação aconteceu uma semana antes da fuga da prisão no Condado de Chester, em West Chester.
A empresária Silvia Brandão, irmã da Débora que mora em São Luís (MA), falou da tristeza que o assassinato da irmã deixou na família.
“Nossa vida até hoje tem um vazio muito grande. Nós não estamos completos mais, e minha mãe… Uma mãe perder um filho não tem dor maior, né? Então nossa família está assim, tentando se reconstruir novamente, se reestruturar, mas incompletos. Ela faz muita falta, é uma dor imensa”, lamentou.
Os filhos de Débora, que tinham 4 e 7 anos na época do crime, estão atualmente sob os cuidados de Sara Brandão, outra irmã da vítima, que reside nos Estados Unidos com as crianças.
Em 2021, Danilo foi sentenciado à prisão perpétua pelo assassinato de Débora Evangelista Brandão, cometido através de facadas.
No dia 31 de agosto, ele conseguiu escapar da prisão, escalando o muro da penitenciária. Devido à sua extrema periculosidade, Danilo foi incluído na lista de procurados pela Interpol.
A fuga de Danilo causou pânico entre os residentes próximos a Phoenixville, Pensilvânia, que avistaram o fugitivo. Portando um rifle, ele invadiu residências, roubou uma van que estava com a chave na ignição, entrou em confronto armado com moradores locais, escondeu-se na mata e alterou sua aparência para evitar ser reconhecido.
Com informações de G1