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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou nesta sexta-feira (1º/3) com o líder venezuelano Nicolás Maduro em São Vicente e Granadinas, uma ilha no Caribe. Segundo informações apuradas pela Gazeta do Povo, durante a reunião, ambos discutiram sobre as eleições no país e assinaram um memorando de entendimento com o objetivo de “fortalecer o relacionamento bilateral”.
O encontro ocorreu simultaneamente à Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e teve uma duração aproximada de 1 hora e 10 minutos. Maduro afirmou que haverá eleições no país e diversos assuntos foram abordados, incluindo a crise dos ianomâmis no território indígena e a dívida pendente de Caracas com o Brasil.
Com mais de 13 anos no poder, Maduro enfrenta acusações de estabelecer um regime ditatorial na Venezuela, contribuindo para agravar a crise econômica e humanitária no país. Ele também é criticado por supostamente manipular as eleições venezuelanas para se manter no cargo.
Este ano, com as eleições previstas para o segundo semestre, Maduro assinou o Acordo de Barbados com os Estados Unidos, comprometendo-se a aliviar os embargos econômicos impostos a Caracas mediante a realização de eleições seguras e democráticas. No entanto, Maduro não tem cumprido suas obrigações conforme o acordo.
Lula, que já defendeu Maduro em diversas ocasiões, mobilizou o Palácio do Itamaraty e seu assessor para assuntos especiais, Celso Amorim, para negociar as eleições em Caracas. O Brasil participou ativamente das negociações com Washington.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a pasta está em constante contato com o governo venezuelano, buscando persuadir Maduro sobre a importância das eleições. O Itamaraty afirma ter recebido “sinalizações” de que o governo venezuelano pretende marcar as eleições presidenciais para o segundo semestre deste ano.
No entanto, Maduro parece determinado a não cumprir o Acordo de Barbados. Em janeiro deste ano, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela declarou María Corina Machado, a principal opositora de Maduro, inelegível por 15 anos. Machado, vencedora das primárias de seu partido, Vente Venezuela, em outubro do ano passado, foi alvo do regime venezuelano. Henrique Capriles, que poderia substituí-la como candidato e já concorreu à presidência duas vezes, também foi considerado inelegível para disputar as eleições deste ano.
Durante o encontro com Lula, Maduro assegurou ao presidente brasileiro que haverá eleições na Venezuela. Contudo, é provável que o processo eleitoral não atenda às expectativas. Nesta sexta-feira, o governo venezuelano apresentou ao Conselho Nacional Eleitoral uma proposta para as eleições, que diverge do Acordo de Barbados. No documento, Maduro oferece 27 possíveis datas para o pleito, argumentando em prol da “soberania nacional” e rejeitando as “sanções criminosas que prejudicam o povo da Venezuela”.
Com informações do Jacobina Notícia.