Foto: Reprodução.
Uma picape comprada em 1990 continua praticamente zero-quilômetro, com apenas 91 km marcados no hodômetro, após permanecer durante os últimos 33 anos em uma garagem de Itapetininga, no interior de São Paulo.
Ainda com plástico nas calotas e em estado impecável, a Ford F-1000 prata ganhou recentemente um novo dono, um colecionador que prefere o anonimato. A picape agora pertence a um cliente de Reginaldo Ricardo, o Reginaldo de Campinas, que inspecionou o veículo antes de o negócio ser fechado, por um preço mantido em segredo.
Especializado em garimpar e negociar veículos antigos e pouco rodados, Reginaldo fez o “resgate” da raridade a pedido desse cliente e conta que seu antigo dono, que adquiriu o veículo zero-quilômetro há mais de três décadas, faleceu há cerca de três anos, aos 82. Após a conclusão do inventário, seus herdeiros decidiram vender a picape.
A caminhonete pode ser considerada um símbolo da época de sua fabricação: o ano de 1990 ficou marcado história do Brasil pelo Plano Collor, no qual o recém-empossado presidente Fernando Collor anunciou o confisco da maior parte do dinheiro guardado na poupança e dos investimentos da população com a justificativa de controlar a inflação.
Segundo os herdeiros disseram a Reginaldo de Campinas, seu pai adquiriu a F-1000 com dinheiro bloqueado pelo Plano Collor. De fato, na época, o governo do então presidente abriu algumas exceções, conhecidas como “torneirinhas”, para liberar recursos retidos. Um dos setores beneficiados foi a indústria automotiva.
“Uma filha do primeiro dono contou que seu pai já comprou a picape com a intenção de mantê-la intacta por décadas. Foi exatamente o que aconteceu”, conta Reginaldo.
Outro detalhe interessante é que uma segunda picape, idêntica, porém com pintura amarela, foi adquirida no mesmo dia por outro integrante da mesma família, mas essa “pegou no batente” e roda até hoje em Itapetininga, nas mãos de outro proprietário, diz.
Equipada com vidros elétricos, direção hidráulica e teto solar, a F-1000 prata mantém até hoje as placas amarelas, com lacre e os caracteres YI 5388.
“Pouco depois da compra, talvez em 1991, o primeiro dono providenciou a troca da documentação para a placa cinza, que tinha acabado de chegar para veículos registrados em São Paulo, mas ele nunca trocou as chapas originais, amarelas”, explica Reginaldo Ricardo.
Com a troca de dono e a necessária transferência da documentação, a picape vai receber as placas atuais, no padrão Mercosul – não sabemos se o atual proprietário manterá as chapas amarelas, já que, muito provavelmente, não deverá rodar com sua nova aquisição para não desvalorizá-la, considerando a baixíssima quilometragem.
As fotos que ilustram essa reportagem foram cedidas por Reginaldo de Campinas, que produziu material audiovisual da F-1000 antes de entregá-la ao seu novo dono. Reginaldo também fez o vídeo abaixo do “resgate” do veículo há alguns dias, em Itapetininga.
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Com informações do Terra.