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Nesta sexta-feira, 15 de março, faleceu Jaqueline Tedesco, uma indígena da etnia kaingang que teve 30% do corpo queimado em um acidente ocorrido na cidade de Rio Grande, interior do Rio Grande do Sul. Jaqueline, que celebrava sua formatura no curso de Direito pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), sofreu queimaduras durante um incidente em um restaurante.
O acidente aconteceu no sábado, 9 de março, enquanto ocorria o reabastecimento do rechaud, o recipiente que mantém o fondue aquecido. Segundo relatos do restaurante Le Petit, o equipamento ainda continha resquícios de fogo, que se espalharam e causaram ferimentos em Jaqueline e outra mulher, uma funcionária do estabelecimento. Jaqueline, em estado grave, com queimaduras de 3º grau, estava internada na UTI da Santa Casa de Rio Grande, em coma induzido.
Na Universidade Federal do Rio Grande, Jaqueline era uma presença ativa, participando do Coletivo Indígena, sendo Liderança da Casa do Estudante (CEU-FURG), bolsista do PET Popular e membro do Diretório Central de Estudantes. Além disso, atuava como estagiária da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul, sendo a primeira mulher indígena a se formar por meio do sistema de cotas na universidade.
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul abriu um inquérito para investigar as circunstâncias do acidente. “Existem muitas pessoas querendo se manifestar contra o restaurante, nós negamos e somos veementemente contra. Não podemos nos manifestar contra pessoas que sequer foram indiciadas”, declarou Aisllana Zogbi, advogada que representa a família de Jaqueline.
Por outro lado, Affonso Celso Pupe Neto, advogado da equipe jurídica que defende o restaurante, afirmou que os responsáveis mantêm uma posição solidária. “Independentemente das conclusões das autoridades, a empresa desde o princípio, e agora, persiste em prestar apoio material à família, inclusive com o funeral que foi custeado”, disse.
A Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ArpinSul) lamentou profundamente a morte de Jaqueline e destacou sua trajetória no movimento indígena. Em 2023, ela foi eleita no Fórum de Lideranças para compor o Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI) e indicada para auxiliar na comissão do Acampamento Terra Livre (ATL) de 2024. Com sua formação em Direito, Jaqueline tinha planos de contribuir com a ArpinSul e o movimento indígena em questões jurídicas.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), por meio de nota, expressou seu pesar pela perda da jovem.
Com informações do Estadão.