Foto: Hugo Barreto/Metrópoles/Reprodução.
O presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, era o local onde a alta cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) estava detida quando ordenou a onda de violência no estado que ficou conhecida como “Ataques de Maio”. A série de atentados resultou na morte de 564 pessoas em 2006.
O presídio acaba de voltar ao noticiário porque Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo da facção criminosa, pediu à Justiça para voltar à prisão que fica a 611 km da capital paulista.
O pedido de transferência foi feito sob alegação de que sua família não tem dinheiro para visitá-lo na Penitenciária Federal de Brasília, onde ele está preso desde janeiro de 2023. A defesa contesta a decisão judicial de mantê-lo no local e sugere que ele retorne à Penitenciária 2 (P2) de Presidente Venceslau, onde esteve detido entre 2006 e 2019.
Foi por meio de um agravo apresentado no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) em 12 de fevereiro que o pedido de transferência foi feito. O Metrópoles teve acesso ao documento.
Condenado a mais de 300 anos de cadeia, o chefão do PCC cumpre pena no sistema federal desde 2019, e a permanência foi renovada no fim de janeiro.
Marcola contesta a decisão judicial de mantê-lo na Penitenciária Federal de Brasília, considerada de segurança máxima, onde é mantido em isolamento, vive em forte esquema de vigilância e perde direito à visita íntima. O pedido de transferência ainda não foi julgado.
Protesto contra transferências
Os “Ataques de Maio” foram deflagrados após a transferência de Marcola e outros 365 criminosos para a P2 de Venceslau. Na época, a ação gerou uma resposta por parte das forças policiais e de grupos de extermínio, resultando em 564 mortes, das quais 505 eram civis e 59, agentes públicos.
A penitenciária ficou conhecida como o local de onde partiram as ordens para o início da onda de violência.
Em 2019, o líder do PCC foi transferido do local para o sistema penitenciário federal em razão da descoberta de um plano de fuga. Além do plano, as autoridades paulistas também encontraram uma suposta ordem da facção para o assassinato do promotor responsável pela transferência, Lincoln Gakiya.
Marcola ficou na Penitenciária Federal de Brasília entre 2019 e 2022, quando foi transferido para a Penitenciária Federal de Porto Velho. Na capital de Roraima, também foram descobertos planos de fuga do chefão do PCC e ele acabou levado de volta ao Distrito Federal no início de 2023.
Em dezembro de 2023, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) solicitou novamente a renovação da permanência de Marcola em presídio federal. No ofício, a Secretaria citou o plano do PCC de resgatá-lo da P2 de Presidente Venceslau, em 2018, e afirmou que um possível retorno a São Paulo “o colocará de volta às atividades criminais que sempre desempenhou”.
Créditos: Metrópoles.