Durante um evento em que revelou a inauguração de 100 novos Institutos Federais de Educação, o presidente Lula afirmou que, “com salário”, as mulheres não necessitam solicitar dinheiro ao pai para adquirir produtos como batom e calcinha.
“Quando a mulher tem uma profissão, ela tem um salário, pode custear a vida dela. Não vai viver, comer, com um homem que não goste dela. Não vai viver por necessidade, por dependência, vai viver a vida dela e vai morar com alguém se ela gostar de alguém. Vai ter a opção dela, ela vai escolher. Ela não vai ficar dependente. Não vai ficar ‘eu preciso do meu pai me dar R$ 5 para comprar um batom, eu preciso do meu pai me dar R$ 10 para comprar uma calcinha”, declarou o presidente da República.
A declaração de Lula com teor machista ocorreu em menos de uma semana após o presidente da República ter participado de um almoço em celebração ao Dia Internacional das Mulheres, realizado no conhecido restaurante Tia Zélia, localizado na Vila Planalto, em Brasília.
Na ocasião, a primeira-dama, Janja Lula da Silva, e a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, também estiveram presentes.
Apesar de ter sido eleito com uma plataforma progressista, ao longo de seu governo, Lula tem negligenciado a participação das mulheres na administração central. Conforme apontado por uma análise conduzida pelo jornal O Globo em novembro do ano passado, a presença feminina no governo Lula é comparável à gestão de Jair Bolsonaro.
O periódico fluminense destacou ainda que a representação de mulheres é ainda mais escassa em setores relacionados à segurança pública e à economia.
“Em setembro, último mês com informações disponíveis, as mulheres representavam 40,9% dos 37.618 cargos comissionados executivos (CCE) e funções comissionadas executivas (FCE) (…) Em dezembro do ano passado, esse índice era de 40%, em um universo de 36.378 cargos de confiança, patamar também próximo ao de setembro de 2019 (40,1%), no primeiro ano do governo Bolsonaro”, informa o jornal.
É fundamental recordar que nos primeiros dez meses do governo Lula, ocorreram três substituições de mulheres em cargos de destaque, sendo estas ocupadas por homens: Daniela do Vaguinho foi dispensada do ministério do Turismo, sendo sucedida por Celso Sabino; Ana Moser deixou a liderança do ministério do Esporte, abrindo espaço para André Fufuca; Rita Serrano foi desligada da presidência da Caixa, sendo sucedida por Carlos Antônio Vieira.
Com informações de O Antagonista