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John Textor voltou a abordar suspeitas de corrupção na arbitragem brasileira em um vídeo recentemente divulgado no site oficial da SAF do Botafogo. Neste vídeo, o proprietário explica sobre uma gravação que alega possuir, na qual um árbitro discute sobre um jogo supostamente manipulado. De acordo com Textor, o árbitro em questão tem sotaque carioca e estava apitando um jogo em uma “divisão menor”, sem envolvimento do Botafogo. Ele ainda enfatiza que não há nenhuma implicação do Palmeiras nas suspeitas. Como resultado das recentes declarações, houve um pedido de abertura de inquérito no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
O vídeo foi divulgado na noite de sábado, dia 9, e mostra Textor em um novo estúdio da Botafogo TV, localizado no estádio Nilton Santos. O empresário norte-americano afirma que a investigação à qual se refere antecede sua chegada ao Botafogo e foi conduzida por uma empresa independente contratada por casas de apostas para analisar possíveis manipulações. Ele revela que os jogos de 2021, 2022 e 2023 foram avaliados durante essa investigação.
“Eu nunca disse que tenho gravação de árbitro envolvido em manipulação de resultados em jogos da Série A do Campeonato Brasileiro, ou em jogos do Botafogo, na Série A ou Série B. Isso nunca foi dito”, esclarece Textor. Ele também revela que a gravação foi fornecida por um funcionário ligado à CBF, foi autenticada e entregue às autoridades.
O empresário descreve a gravação como sendo de um jogo em uma “divisão menor”, identificando um treinador, um time e outras pessoas envolvidas. Ele menciona que o árbitro estava descontente por não ter conseguido manipular o jogo conforme planejado, indicando sua frustração por não ter sido capaz de influenciar o resultado conforme desejado.
“Foi numa divisão menor. É um jogo conhecido por nós. Tem um treinador, tem um time, tem pessoas que identificamos. E tem uma gravação de um juiz falando que ele estava triste de ter perdido dinheiro porque o jogo que ele estava tentando manipular não tinha ido do jeito que ele tentava influenciar. Ele foi específico. Ele deu um minuto de acréscimo, deu um pênalti que não devia, e o atacante bateu o pênalti na trave. E ele reclamou, disse ter feito tudo que podia. É um sotaque carioca. Isso nos permite identificar o árbitro. Ele tentou de tudo, mas não conseguiu achar outro pênalti”, descreve o norte-americano.
Além disso, Textor tenta acalmar as tensões com a CBF, esclarecendo que as declarações feitas anteriormente, consideradas um ataque ao presidente da confederação, Ednaldo Rodrigues, foram mal interpretadas. Ele afirma que deseja esclarecer qualquer mal-entendido com a entidade e expressa sua disposição para cooperar em qualquer investigação.
O empresário também menciona um relatório de 74 páginas sobre uma partida específica entre Palmeiras e Fortaleza em 2022, onde ele já havia evidências de manipulação. Textor enfatiza que essa investigação não envolveu a equipe paulista. O material foi enviado à CBF, porém, segundo ele, não houve progresso na apuração do caso.
“Eu vi que ganhamos 14 de 18 jogos e depois o mundo mudou. Sério? Isso simplesmente acontece? Do nada todo mundo começa a jogar mal? Não. Futebol é difícil. Outros jogadores são bons, nós temos um grande campeonato, com ótimos times. As pessoas que estamos indo atrás não são jogadores do Palmeiras. Não tem um único jogador do Palmeiras envolvido na manipulação de resultados nas nossas pesquisas nos jogos do Palmeiras. Não tem um nenhum funcionário, que a gente saiba, na liderança da instituição, nem o treinador, nem ninguém que acreditamos estar envolvido na manipulação de jogos do Palmeiras. Eu não inventei isso (a investigação) para cobrir o fato de Adryelson ter recebido um cartão vermelho altamente inapropriado, que vieram até autoridades e disseram isso. E mudou o jogo e o campeonato”, contou.
Embora tenha destacado seu interesse em melhorar a qualidade da arbitragem no Brasil, Textor também aborda a queda de desempenho do Botafogo no Brasileirão 2023. Ele reitera que não há envolvimento de qualquer pessoa ligada ao Palmeiras nos esquemas de manipulação que estão sendo investigados.
“Nós temos conhecimento que não é sobre a arbitragem. É sobre alguns árbitros. Temos conhecimento do que aconteceu em alguns jogos. Temos agora um ‘olho que tudo vê’, que antes não era possível quando assistíamos a todos os jogos de futebol. É machine learning, é visão de computador. Nós todos temos a capacidade como humanos de assistir a momentos individuais e jogadas. Uma pessoa não consegue digerir milhões de píxeis e movimentos. A visão do computador permite ver tudo, cada minuto do jogo, cada momento chave, cada segundo do jogo, todos os jogadores. Medir as tendências e ver o que está errado. Nós estamos falando disso para ter certeza que não volte a acontecer o que aconteceu ano passado”, defendeu.
Textor ainda reclamou das piadas que o envolvem e afirmam que ele “está chorando”. O dono da SAF do Botafogo reiterou que as manifestações que faz não têm necessariamente relação com o clube. Ele defende que o assunto seja tratado para “melhorar o futebol brasileiro”. “(Arbitragem) é um problema no futebol do mundo todo. As pessoas pensam que eu estou atacando o Brasil, mas eu não estou. O que eu estou tentando fazer é trazer o que aprendi globalmente, em que se está tentando consertar a manipulação de resultados. Estamos tentando melhorar a arbitragem, com treinamento, pagando mais, fazendo com que trabalhem em tempo integral”, argumenta.
As declarações de Textor resultaram em um pedido de abertura de inquérito no STJD, onde ele será convocado para apresentar as provas e gravações que afirma possuir. A Associação Nacional de Árbitros de Futebol (Anaf) repudiou as acusações e defendeu o banimento do dirigente caso as acusações não sejam comprovadas.
Com informações do Estadão.