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O infectologista Rivaldo Cunha, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), destacou a limitação do uso do fumacê após o estabelecimento de uma epidemia de dengue. Segundo ele, o fumacê pode matar mosquitos em voo, mas também prejudica outros insetos benéficos, como abelhas e lagartas, além de causar alergias respiratórias, especialmente em crianças com predisposição a essas condições. Em entrevista ao Poder Expresso, Cunha enfatizou a importância da preparação prévia dos estados para evitar a proliferação do mosquito transmissor e o surgimento de casos graves e óbitos.
O especialista também orientou que mesmo pessoas assintomáticas devem usar repelente para evitar que sejam picadas pelo mosquito e contribuam para a transmissão do vírus.
Além disso, o estado de emergência decretado no Distrito Federal, em seis estados e 154 municípios é atribuído à capacidade insuficiente de produção de vacinas contra a dengue. Cunha ressaltou que as vacinas ainda não estão disponíveis em quantidade suficiente para imunizar uma parcela significativa da população e interromper a transmissão do vírus.
Segundo o infectologista, a convivência com epidemias de dengue é uma realidade há quase 40 anos no país, e provavelmente continuará por muitos anos. Ele destacou a necessidade de melhorar o atendimento aos pacientes, garantindo um acesso mais rápido e eficiente aos cuidados médicos, especialmente em situações em que o tratamento é simples, como a reposição de líquidos.
Cunha estimou que o estágio grave da dengue no país deve durar pelo menos dois meses, com base em dados históricos que indicam um período de 18 a 22 semanas para epidemias em cidades com mais de 500 mil habitantes.
Por fim, o infectologista enfatizou a importância da mobilização da população na redução dos focos de reprodução do mosquito transmissor e destacou a necessidade de preparar uma rede de assistência médica eficaz para lidar com os casos de dengue com antecedência, sem esperar por um aumento significativo no número de pacientes.