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Relatos internos da Advocacia-Geral da União (AGU) corroboram a versão apresentada pelo ex-comandante da Aeronáutica Batista Júnior à Polícia Federal sobre a reunião em que Jair Bolsonaro teria consultado as Forças Armadas e a AGU sobre a possibilidade de decretar Estado de Sítio e outros instrumentos jurídicos de maneira deturpada para não passar a Presidência a Lula.
No depoimento à Polícia Federal, o comandante da Aeronáutica relatou em detalhes a reunião. Segundo ele, ao ouvir o plano de Bolsonaro, o então advogado-geral, Bruno Bianco, disse claramente não havia viabilidade jurídica para a empreitada.
Segundo registrado por ex-integrantes do órgão, o relato do comandante é verdadeiro. Mas há mais. Mensagens encontradas no celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, mostram que esta não foi a única vez que o Planalto questionou à AGU sobre possibilidades jurídicas.
Todo o conteúdo do aparelho telefônico de Cid está nas mãos da PF.
Antes da reunião presencial do ex-AGU com Bolsonaro, Cid encaminhou a Bruno Bianco um arquivo intitulado “Análise Ideias Ives Gandra.docx”.
Além do arquivo, Cid envia ainda um áudio de 25 segundos, onde solicita que o AGU analise o material de Gandra.
A resposta registrada é a seguinte: “Cid, sinceramente, esse tipo de coisa não me parece que deve ser levada ao presidente. Ele tem que agir, como sempre diz, ‘dentro das quatro linhas’. E isso não é uma leitura correta da constituição”.
Bianco prossegue, indicando que logo em seguida estaria pessoalmente com Bolsonaro. “Logo mais estaremos com ele, e vamos ouvi-lo, tentar acalmar e orientá-lo da melhor maneira possível.”
Segundo o advogado de Cid, Cezar Birtencourt, os depoimentos dos ex-comandantes das Forças não só corroboraram, como ampliaram as indicações do ex-ajudante de ordens sobre a tentativa de golpe. “Muito ele não sabia pois era tratado em patente acima da dele.”
Pela colaboração, Cid espera não ser denunciado no Supremo.
Com informações do G1.