O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, têm uma reunião agendada para esta terça-feira, após Lula expressar preocupações durante a reunião ministerial de segunda-feira. O encontro acontece em um momento de intensa pressão sobre o ministério, que resultou na saída de Alexandre Telles, diretor do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH), responsável pelos hospitais federais do Rio.
Sob pressão tanto do Congresso quanto do PT do Rio, Nísia desabafou durante a reunião da cúpula do governo na segunda-feira, no Palácio do Planalto, e precisou até sair da sala devido à emoção. Em seguida, ela foi cobrada pelo presidente Lula por questões relacionadas à sua pasta.
Além de Nísia, os ministros Paulo Pimenta (Comunicação Social) e Ricardo Lewandowski (Justiça) prestaram esclarecimentos durante a reunião. Segundo relatos, a ministra da Saúde abordou três temas: a epidemia de dengue, a gestão dos hospitais federais do Rio e a crise Yanomami.
Ao discutir sobre os hospitais, Nísia mencionou as dificuldades em encontrar pessoas para liderar as unidades e mencionou que suas mudanças nos cargos desagradaram ao PT. Ela informou sobre a criação de um comitê no ministério para coordenar as ações nas unidades de saúde, composto por membros do ministério e da direção dos hospitais, com o objetivo de identificar problemas e agilizar processos.
A ministra também expressou sentir-se sob pressão e fez seu relato de forma emocional. Segundo assessores, ela atualizou os dados sobre a dengue e o número de casos. No final, Nísia precisou se retirar da sala para se recompor enquanto Lewandowski prosseguia com sua explanação.
Ao fim da reunião, Lula, em uma fala geral de encerramento, disse que a ministra não sairia do cargo por pressão externa. Lula voltou a reforçar que Nísia é “ministra dele e que ninguém” vai tirá-la do cargo, em recado a aliados que criticam a atuação da ministra. De acordo com um ministro, Lula voltou a afirmar que Nisia tem carta branca para tocar o ministério.
Apesar do apoio demonstrado, o presidente não deixou de fazer cobranças. Lula pediu uma comunicação mais eficiente sobre a dengue e afirmou que a população não poderia ter ficado com a sensação de que a gestão federal iria comprar vacinas para a doença, o que não seria possível, já que não há doses para todos atender todo o país. De acordo com Lula, o governo não pode passar a impressão de que pode solucionar problemas que não estão ao seu alcance.
Em relação aos hospitais federais, Lula afirmou que Nísia tinha liberdade para escolher quem quisesse para os postos de comando das unidades, mas frisou que ela deveria aproveitar a oportunidade para solucionar os problemas de gestão.
Na sua vez de dar explicação, Lewandowski falou sobre a fuga do Presídio de Mossoró e justificou que o episódio ocorreu estava há apenas seis dias no cargo. O ministro da Justiça disse que a fuga pode ter relação com a obra que vinha sendo realizada na unidade.
Pimenta, o outro ministro a dar explicação na reunião, afirmou que a comunicação hoje é muito complexa. Destacou que no começo do mandato não havia nem uma empresa para fazer monitoramento de redes — há uma licitação em curso para contratação desse serviço. Afirmou ainda que hoje a comunicação é segmentada e regionalizada e, por isso, o trabalho da Secom deve ser apoiado por todos os ministros.
Com informações de O Globo