Toda geração enfrenta seu próprio pânico moral, e para a Geração Z, o medo reside nas redes sociais, gerando preocupações entre os pais sobre o impacto no desenvolvimento cerebral dos adolescentes. Apesar das manchetes alarmantes, especialistas destacam que a ciência ainda não é conclusiva sobre o assunto.
A neurologista Frances Jensen, da Universidade da Pensilvânia, ressalta que esta é a primeira geração verdadeiramente digital, e os efeitos ainda estão por serem totalmente compreendidos. Durante a adolescência, o cérebro passa por um desenvolvimento rápido, sendo especialmente vulnerável ao que as plataformas online oferecem.
A parte média do cérebro, associada a recompensas e repercussão social, torna-se muito ativa durante a adolescência. Esse período é marcado por mudanças nas sinapses e no processo de mielinização, que afeta a eficiência das mensagens cerebrais. O córtex pré-frontal, responsável por avaliar consequências e planejar, ainda está amadurecendo nessa fase.
Apesar de entender melhor o desenvolvimento cerebral adolescente hoje, estabelecer uma relação de causa e efeito entre o uso de redes sociais e consequências negativas na saúde mental é desafiador. Estudos sobre o tema têm sido considerados inconclusivos, e as mudanças no cérebro associadas ao uso excessivo de redes sociais ainda carecem de uma compreensão completa.
Especialistas destacam que a atual crise de saúde mental afeta mais as adolescentes, sugerindo a possível influência dos hormônios femininos, embora essa conexão não tenha sido cientificamente comprovada. Estudos, como o Desenvolvimento Cognitivo e Cerebral do Adolescente (A.B.C.D.), estão em andamento para analisar o impacto do tempo de exposição a telas no desenvolvimento cerebral.
Ambos os especialistas concordam que as redes sociais não são inerentemente boas ou ruins. Enfatizam que as mudanças cerebrais na adolescência tornam os jovens particularmente atraídos por essas plataformas, mas também mais suscetíveis a armadilhas. O desafio reside em entender como as constantes mudanças nas redes sociais afetam o desenvolvimento cerebral dos adolescentes em um mundo online em constante evolução.
É uma preocupação compartilhada por pais e pesquisadores, pois a geração atual experimenta essas transformações cerebrais em um ambiente online que oferece recompensas sociais incessantes. O desafio da ciência é acompanhar essas mudanças em constante evolução e entender seu impacto no desenvolvimento cerebral dos adolescentes.
Com informações da Folha de S. Paulo.