Luxúria, narcóticos e cifras astronômicas formam a espinha dorsal de uma rede criminosa sedutora que corroí laços afetivos e dilacera reputações. Como uma seita clandestina, indivíduos ligados à saúde e à indústria musical orquestram festas exclusivas em locais privilegiados, inundando o ambiente com entorpecentes e acompanhantes de luxo. Porém, o preço dessa perdição é exorbitante: os endinheirados que ingressam devem trazer consigo outros dois milionários, que, por sua vez, estão proibidos de partir.
Uma investigação conduzida pela equipe do Na Mira/Metrópoles revelou os nomes e papéis dos líderes do esquema, bem como os médicos e artistas envolvidos nessa teia criminosa. Detalhes como endereços, locais das festas e evidências de falsificação de receitas e carimbos médicos foram levantados. Contudo, devido à ausência de investigação formal por parte das autoridades policiais, todas as identidades serão mantidas em sigilo por ora.
O esquema, refinado e quase clandestino, é liderado por uma representante de uma grande empresa farmacêutica e dois DJs renomados na cena musical de Brasília. Atraem herdeiros, advogados de sucesso e magnatas dispostos a esbanjar fortunas nos prazeres oferecidos nas festividades, que supostamente ocorrem em total sigilo. Drogas como Fentanil, Oxycontin, Cetamina e Lisdexanfetamina são amplamente distribuídas nessas ocasiões, sempre acompanhadas por bebidas caras e cocaína de alta qualidade.
Tudo é filmado
O cenário idílico das festas é arruinado quando os convidados descobrem que foram secretamente filmados e fotografados enquanto consumiam drogas e se envolviam em atividades sexuais. Este terrível desdobramento leva à extorsão dos participantes, que, temendo a exposição, passam a transferir grandes somas de dinheiro para os criminosos, que operam nos círculos sociais elitizados de Santa Catarina, São Paulo e Brasília.
Uma das principais arquitetas desse esquema é uma mulher loira, de olhos claros, que atua como representante farmacêutica. Ela transformou seu acesso a medicamentos controlados e seus contatos com diversos médicos em uma lucrativa operação. Utilizando uma clínica de sua propriedade, a mulher falsifica carimbos de dezenas de médicos e emite centenas de receitas médicas para abastecer as substâncias consumidas nessas festas exclusivas.
Alguns dos primeiros participantes dessas “festas da perdição” foram recrutados através de médicos que tratavam seus vícios. Muitos já eram dependentes de drogas controladas, e a farmacêutica se tornou uma figura central, fornecendo medicamentos como o Fentanil, um analgésico 100 vezes mais potente que a morfina, que, em 2022, foi responsável por 96% das mortes relacionadas ao consumo de drogas nos Estados Unidos.
Com a falsificação abundante de receitas, a farmacêutica facilita o acesso às drogas controladas, utilizando uma variedade de carimbos médicos falsificados. Os médicos não têm conhecimento de que seus nomes e números de registro no Conselho Regional de Medicina estão sendo utilizados de forma ilegal para abastecer essas festas ilícitas.
Na área central do Plano Piloto, a clínica da farmacêutica opera com pouca atividade de pacientes, servindo principalmente como fachada para a produção de receitas médicas e carimbos necessários para aquisição de substâncias controladas. Enquanto isso, em luxuosas residências no Lago Sul ou em imponentes embarcações no Lago Paranoá, festas exclusivas ultrapassam as fronteiras do Distrito Federal, estabelecendo-se em destinos paradisíacos como a Praia do Rosa e Jurerê Internacional, ambos no litoral de Santa Catarina.
Os privilegiados convidados desse grupo frequentador lotam esses eventos, às vezes recorrendo a jatos particulares para viajar do interior de São Paulo até os locais das festas. Um amplo cardápio de substâncias ilícitas circula nessas ocasiões, onde a ampola de Fentanil é comercializada por R$ 600, sendo altamente viciante e capaz de induzir o usuário a perder noção de tempo e espaço, especialmente quando combinada com álcool ou outras drogas. Oxycontin, outro opioide presente, é vendido por pelo menos R$ 400 e possui efeitos analgésicos semelhantes aos da morfina, bloqueando os sinais de dor no cérebro quando entra na corrente sanguínea. Seu consumo com álcool também resulta em um estado de transe para os usuários.
As informações são do Metrópoles/Na Mira/Carlos Carone, Mirelle Pinheiro