Diplomatas e assessores do Palácio do Planalto estão observando com apreensão a acusação feita pela filósofa Corina Yoris, uma opositora de Nicolás Maduro, sobre sua incapacidade de se inscrever para concorrer às eleições presidenciais na Venezuela.
De acordo com essas fontes, essa situação lança dúvidas sobre a integridade do processo eleitoral venezuelano e o torna irreversível. O prazo para inscrições encerrou à meia-noite de terça-feira (26).
Demonstrando com um computador conectado ao site do Conselho Nacional Eleitoral, assessores mostraram, na segunda-feira (25), a impossibilidade de realizar o registro.
Nas redes sociais, a ex-deputada María Corina Machado, que era a candidata da oposição até sexta-feira passada (22), alegou que há uma conspiração em curso para impedir o registro de Corina Yoris.
Em 2023, María Corina obteve 92% dos votos nas primárias da oposição. No entanto, em janeiro de 2024, o Tribunal Supremo da Venezuela confirmou a suspensão de seus direitos políticos por 15 anos.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, um aliado de Nicolás Maduro, solicitou a prisão de María Corina Machado por traição à pátria.
Enquanto a oposição ainda busca registrar o nome de Corina Yoris, o atual presidente Nicolás Maduro foi confirmado como candidato do governo e teve sua candidatura registrada com sucesso.
Desgaste
Diplomatas acreditam que dificilmente o Acordo de Barbados — que prevê, entre outros pontos, a realização de eleições limpas e democráticas — será cumprido. “Maduro perde o discurso de que as eleições serão limpas e transparentes”, destaca um integrante do Ministério das Relações Exteriores.
No Palácio do Planalto, há uma percepção de “desgaste” e “fadiga” diante dos esforços contínuos para proteger o processo democrático na Venezuela, apesar dos sinais contraditórios do governo venezuelano.
Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República e ex-ministro das Relações Exteriores, dialogou recentemente com a oposição venezuelana e representantes da Noruega, que intermediaram o Acordo de Barbados.
Embora haja preocupação nos bastidores, o Brasil optou por não assinar um comunicado, divulgado nesta segunda-feira (25), por países latino-americanos, criticando a exclusão da candidata Corina Yoris das inscrições presidenciais.
Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai assinaram o comunicado.
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela desde março de 2013, busca sua reeleição para um terceiro mandato.
Em 2018, Maduro foi reeleito com 67% dos votos, com a participação de menos da metade dos eleitores registrados, em uma eleição marcada por alegações de fraude e falta de transparência.
Com informações de G1