Um novo estudo revela que, além dos tipos de alimentos consumidos, a maneira como são consumidos desempenha um papel crucial na saúde das pessoas com diabetes ou pré-diabetes.
Pesquisadores da Columbia University e do Boston Children’s Hospital descobriram que incluir alimentos ricos em carboidratos durante as refeições pode, na verdade, reduzir o risco de hiperglicemia pós-refeição, um aumento anormal nos níveis de açúcar no sangue.
Esta abordagem, conhecida como padrão de refeição “carboidrato por último”, enfatiza a ingestão inicial de alimentos ricos em proteínas para estimular a produção de insulina. Isso permite que o corpo gerencie os picos de glicose que podem ocorrer após as refeições.
Teste dos alimentos em pessoas com diabetes
Durante o estudo, os pesquisadores analisaram 16 pessoas com diabetes tipo 2. Elas formaram três grupos com padrões diferentes de consumo:
- carboidratos primeiro, seguidos de proteínas e vegetais 10 minutos depois
- vegetais e proteínas primeiro, seguidos 10 minutos depois por alimentos ricos em carboidratos
- vegetais, proteínas e carboidratos consumidos ao mesmo tempo (ou seja, sem intervalo de 10 minutos entre eles)
Os participantes seguiram esses padrões alimentares por um período de três dias e, durante o estudo, passaram por exames de sangue para medir e avaliar os níveis de glicose e insulina.
A equipe também avaliou os níveis de peptídeo semelhante ao glucagon (GLP-1), hormônio que estimula a produção de insulina após as refeições.
Carboidrato por último reduziu o pico de glicose
Os pesquisadores descobriram que o padrão de carboidratos na última refeição estava associado a reduções significativas nos picos de glicose.
Assim como também à redução das flutuações de insulina em comparação com os padrões de refeição em que os carboidratos eram consumidos no início da refeição.
Ou seja, comer carboidrato por último – neste caso, 10 minutos depois das proteínas e dos vegetais – parece ser uma forma eficaz de reduzir o risco de picos de glicose após as refeições.
O estudo ressalta a importância do comportamento do paciente no controle dos riscos relacionados ao diabetes.
Além de fazer escolhas alimentares inteligentes, os pacientes com diabetes também podem se beneficiar de outros comportamentos, incluindo monitoramento rotineiro da glicose, testes regulares de visão e exames de saúde cardíaca.
Além disso, é importante inspeção de rotina dos pés para procurar sinais precoces de úlceras, resultantes de problemas de circulação sanguínea nos pés.
Quais os carboidratos indicados para quem tem diabetes?
- Vegetais não amiláceos, como brócolis, espinafre, alface, couve-flor;
- Frutas frescas com baixo índice glicêmico, como maçãs, peras, morangos, mirtilos;
- Legumes, como lentilhas, feijões e grão-de-bico;
- Grãos integrais, como arroz integral, quinoa, aveia e cevada.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, pessoas com a condição devem priorizar carboidratos complexos e integrais porque contém mais micronutrientes, além de sofrerem uma absorção mais lenta.
Isso vai ter um menor impacto nos níveis de glicose no sangue.
Além disso, é importante controlar as porções e monitorar a resposta glicêmica individual a esses alimentos, pois cada pessoa pode ter uma resposta diferente.
O que são carboidratos?
Os carboidratos são moléculas que possuem unidades de carbono, hidrogênio e oxigênio.
Apresentam várias funções no nosso organismo, dentre as quais: fornecimento de energia; atuam como sinalizadores, participam da estrutura da parede celular e da formação dos ácidos nucleicos.
Eles podem ser classificados em carboidratos simples e complexos, com base em sua estrutura química e na rapidez com que são digeridos e absorvidos pelo organismo.
Qual a diferença entre carboidrato simples e complexo?
Os carboidratos simples, também conhecidos como mono ou dissacarídeos, consistem em uma ou duas moléculas de açúcar. Sua digestão e absorção são mais rápidas, resultando em um aumento rápido nos níveis de glicose no sangue. Exemplos desses carboidratos incluem glicose, frutose (o açúcar encontrado em frutas) e sacarose (o açúcar de mesa).
Por outro lado, os carboidratos complexos têm cadeias mais longas de moléculas de açúcar, o que significa que levam mais tempo para serem digeridos e absorvidos, proporcionando energia de forma mais gradual. Exemplos desses carboidratos incluem amido (encontrado em grãos, legumes e tubérculos) e fibras (presentes em vegetais, frutas, legumes e grãos integrais).
O que leva uma pessoa a desenvolver diabetes?
O diabetes é uma condição multifacetada que, em suma, pode ser influenciada por uma variedade de fatores.
A predisposição genética, um estilo de vida sedentário, uma dieta pouco saudável caracterizada por alto consumo de açúcares e carboidratos refinados, obesidade e antecedentes familiares da doença são alguns dos elementos de risco.
Além disso, condições médicas como hipertensão e níveis elevados de colesterol, histórico de diabetes gestacional e síndrome do ovário policístico também entram em jogo. Esses fatores podem aumentar a probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2.
Com informações de Catraca Livre