Ainda em fase de investigação, a causa do falecimento do advogado Rodrigo Marinho Crespo, ocorrido na última segunda-feira (26) no centro do Rio de Janeiro, permanece desconhecida. A namorada da vítima, em seu depoimento à Polícia Civil, revelou que o advogado enfrentava desafios financeiros e recentemente começou a atuar na assessoria jurídica de clientes vinculados a ‘cassinos on-line’.
A namorada de Rodrigo prestou depoimento à polícia, segundo ela, o namorado disse que “o escritório havia perdido clientes importantes, que estavam passando por problemas financeiros, tendo inclusive vendido seu carro, uma Mercedes Benz”. O casal viveu um relacionamento entre 2021 até final de 2022, mas reataram recentemente.
Rodrigo compartilhou com sua namorada que o escritório dispensara vários funcionários e corria o risco de fechar se não conseguisse atrair novos clientes.
Dois dias antes de sua morte, em 24 de fevereiro, Rodrigo informou à namorada que precisava se encontrar com Marcelo para tratar de negócios no Clube Naval Piraque, na Lagoa, zona sul da cidade. Ele afirmou que não poderia levar o celular, pois os assuntos eram importantes. A mulher não conhece Marcelo, conforme relatado à polícia.
Rodrigo, que começara a advogar para clientes ligados a jogos de cassino online, mencionou à namorada que já tinha encontrado investidores para o novo empreendimento. Nos dias que antecederam sua morte, afirmou estar arrecadando fundos para o negócio e estava em busca do “operador”.
De acordo com a namorada, o operador seria Marcelo, e o advogado viajou algumas vezes para São Paulo para tratar de assuntos relacionados a cassinos online.
A mulher também informou à polícia que desconhece a motivação do crime e não tinha conhecimento de ameaças contra Rodrigo.
Como foi o crime
Na tarde da última segunda-feira (26), o advogado Rodrigo Crespo foi assassinado em frente ao seu escritório, próximo à sede da OAB-RJ. A Delegacia de Homicídios da Capital declarou que o crime apresenta características de uma execução, destacando a descoberta de 11 cápsulas de munição no local, sem nenhum pertence da vítima sendo levado.
De acordo com as imagens das câmeras de segurança, Crespo saiu do escritório para comprar um lanche quando um homem encapuzado desceu de um carro branco e efetuou os disparos. Surpreendentemente, os tiros persistiram mesmo após a vítima cair na calçada.
Ana Tereza Basilio, vice-presidente da OAB-RJ, informou que o advogado atuava em processos “corriqueiros” e não estava envolvido na área criminal. Ela enfatizou que Crespo era um advogado respeitado, sem aparentes problemas que justificassem a violência brutal da qual foi vítima.
O escritório de Crespo trabalha com o mercado de criptomoedas e direito do entretenimento, incluindo consultoria para a operação de jogos legais, como corridas de cavalo e torneios de pôquer. Um mês antes do ocorrido, Crespo compartilhou em sua rede social LinkedIn que costumava discutir sobre a regulamentação de jogos lotéricos e o registro de apostas no Brasil.
Quem são os suspeitos
O policial militar Leandro Machado da Silva, apontado como suspeito no caso de assassinato, entregou-se na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Há suspeitas de sua ligação com o jogo do bicho, embora ainda não haja confirmação se o crime está relacionado a atividades ilegais. Machado já foi previamente investigado e detido por fazer parte de uma milícia em Duque de Caxias (RJ).
A Polícia Militar do Rio de Janeiro divulgou em comunicado que o policial está sujeito a um processo administrativo disciplinar que pode resultar em sua exclusão da corporação.
Cezar Daniel Mondêgo de Souza, também suspeito de envolvimento no assassinato do advogado, foi detido pela Polícia Civil do Rio nesta terça-feira (5). Souza atuava como assessor na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) desde 2019 e foi exonerado na última quinta-feira (29).
Na tarde de terça-feira (5), Eduardo Sobreira Moraes entregou-se à Delegacia de Homicídios da Capital, localizada na Barra da Tijuca.
Com informações de UOL