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O silêncio tomou conta das ruas onde antes o movimento era intenso. O hotel, o cartório, a prefeitura e a Câmara de Vereadores, todos esses edifícios, junto com o açougue, a farmácia e as lojas, estão agora vazios e abandonados. As construções, que um dia foram o coração pulsante de Cococi, hoje estão cobertas pelo mato, algumas até mesmo ruíram devido ao abandono. Este é o triste cenário da antiga cidade de Cococi, agora uma cidade-fantasma.
Localizada a aproximadamente 500 quilômetros de Fortaleza, no árido Sertão dos Inhamuns, no Ceará, Cococi teve seu auge como município na década de 1970. No entanto, sua história remonta ao século XVIII, quando era apenas um distrito de outros municípios. Em 1957, Cococi finalmente se tornou um município independente, mas essa autonomia durou pouco, sendo extinta em 1970 e voltando a ser um distrito de Parambu.
Cococi, durante seu período de município, era praticamente uma propriedade privada, com cerca de 90% de seu território pertencendo à família Feitosa, fundadora do local. Até mesmo a administração municipal estava ligada à família, com prefeitos e vereadores sendo membros do clã Feitosa.
Com o passar do tempo e problemas políticos e administrativos, a população de Cococi começou a migrar para outras áreas em busca de melhores condições de vida. Atualmente, apenas seis pessoas residem na antiga área urbana, enquanto os prédios que antes compunham o centro da cidade estão em ruínas, com exceção das duas casas habitadas e da histórica igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Apesar de sua decadência, a igreja ainda é o ponto de encontro anual para a festa de Nossa Senhora da Conceição, a padroeira de Parambu, que atrai moradores de outras áreas para celebrar a santa.
Maria Clenilda, uma das poucas moradoras remanescentes de Cococi, compartilha suas memórias da época em que a cidade era próspera, lembrando-se das muitas casas e estabelecimentos comerciais que existiam. No entanto, ela também enfrenta os desafios da solidão e das dificuldades econômicas que assolam a região.
O futuro de Cococi permanece incerto, com poucas perspectivas de revitalização ou desenvolvimento. Enquanto alguns sugerem que o local poderia ser explorado como destino turístico histórico, as dificuldades de acesso e a falta de recursos impedem essa possibilidade.
Apesar das adversidades, Maria Clenilda continua apegada à sua cidade natal, mas também sonha em construir uma nova vida em outro lugar. Enquanto isso, ela permanece como uma das últimas guardiãs das memórias e tradições de Cococi, uma cidade que já foi viva e vibrante, mas que agora está condenada ao esquecimento.
Com informações do G1.