Em bairros periféricos de São Paulo, vídeos de lutas clandestinas, intituladas “UFC de Rua” ou “UFC da Favela”, têm proliferado nas redes sociais, expondo combates desenfreados e perigosos entre jovens e até crianças. Esses eventos improvisados ocorrem em postos de gasolina, ruas, praças e campos de futebol, desafiando a segurança dos participantes e levantando questões sobre a legalidade e riscos envolvidos.
Ao contrário do Ultimate Fighting Championship (UFC) profissional, que segue regras rigorosas e visa a segurança dos atletas, o “UFC de Rua” carece de regulamentação e estrutura adequada. Os vídeos mostram confrontos em superfícies duras, luvas compartilhadas, diferenças de peso notáveis entre os lutadores e a ausência de medidas de segurança médica.
Embora a prática seja controversa e gere preocupações com a integridade física dos participantes, autoridades têm dificuldade em tomar medidas legais, uma vez que, em muitos casos, não envolvem apostas e contam com o consentimento mútuo dos envolvidos. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) ressaltou que, de acordo com o Código Penal, não se enquadram como crime de lesão corporal, desde que haja consentimento mútuo.
O fenômeno recente parece concentrar-se em bairros como Jardim Iracema, Freguesia do Ó, Jardim Paulistano e Brasilândia, todos na zona norte de São Paulo. Os vídeos mostram a presença de menores de idade nas lutas, mas não há informações sobre apostas em dinheiro até o momento.
A comunidade está dividida quanto à prática, alguns alegam ser uma expressão desportiva, enquanto outros enfatizam os riscos à saúde dos participantes. Estudos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo alertam para os perigos de traumas repetitivos na cabeça, que podem levar a problemas neurodegenerativos a longo prazo.
A Secretaria da Segurança Pública está conduzindo diligências para identificar os participantes dessas lutas, embora enfatize que, se houver queixa de integridade física comprometida, o registro da ocorrência é possível. Enquanto alguns defendem a prática como uma forma de esporte, especialistas alertam para os riscos à saúde a longo prazo e para a necessidade de regulamentação e conscientização.
Com informações do Metrópoles.