Recentemente, noticiamos sobre 2.200 computadores que permaneceram armazenados em um celeiro, acumulando poeira ao longo de aproximadamente duas décadas antes de serem comercializados no eBay. Hoje, apresentamos uma situação semelhante que ocorreu há mais de 35 anos.
Na década de 1980, um indivíduo chamado Bob Cook adquiriu 7.000 computadores Lisa remanescentes da Apple. No entanto, antes que ele e sua empresa, Sun Remarketing, pudessem colocar os dispositivos à venda, a Apple interveio, recuperou os equipamentos, ordenou sua desmontagem e os enterrou em um aterro sanitário.
O que exatamente aconteceu com os Lisas?
Comecemos pelo princípio: em 1983, foi lançado o Apple Lisa. O modelo foi um dos primeiros computadores pessoais que podiam ser operados com um mouse em um ambiente gráfico e com interface de usuário. Steve Jobs trabalhou no Lisa de 78 até 82, quando saiu para o projeto Macintosh.
Apesar de todas as inovações, o Lisa não foi um sucesso, mas sim um fracasso. Por um lado, isto se deveu ao enorme preço de US$ 10.000. Por outro lado, o sistema também apresentou vários problemas, conforme relata o portal Mac-History.
O Lisa OS, originalmente concebido como um sistema operacional multitarefa, enfrentou desafios significativos devido à sobrecarga do processador Motorola 68000 de cinco megahertz e a problemas técnicos na unidade de disquete, resultando em sua descontinuação pela Apple em 1985. Apesar de relatórios indicarem a venda de 30 mil unidades, um vídeo do The Verge menciona 80 mil unidades comercializadas. Concorrendo com o Macintosh, lançado em 1984, e custando US$ 2.500, o Lisa OS enfrentou obstáculos adicionais.
A empresa Sun Remarketing, liderada por Bob Cook, um antigo associado da Apple, adquiriu cerca de 7.000 unidades de Lisa que a Apple não desejava vender. Inicialmente visando a venda de computadores mais antigos da Apple, Cook expandiu seu plano para o Lisa. Investindo US$ 200 mil em melhorias, incluindo um novo sistema operacional MacWorks Plus, uma unidade de disquete aprimorada, aumento de RAM para dois MB e um disco rígido maior de 20 MB, a Sun Remarketing renomeou o produto como Lisa Professional.
Entretanto, em 1989, a Apple surpreendentemente interveio, recuperando todos os computadores. Essa ação foi atribuída a uma cláusula nos contratos de venda com Bob Cook, que conferia à Apple o direito de recuperação dos dispositivos.
Por que a Apple recolheu e enterrou o Lisa?
Conforme reportado pelo The Verge, a Sun Remarketing recolheu e destruiu todas as 7 mil unidades do computador Lisa, enterrando-as em um aterro sanitário em Logan, Utah, nos EUA. Outras fontes, como Wikipedia e Mac-History, mencionam 2.700 dispositivos desaparecidos no subsolo.
O vídeo do The Verge exibiu um recorte de jornal da época, no qual a Apple afirmava, em 1989, que a destruição dos Lisas seria benéfica para os negócios. Segundo o noticiário, ao destruir os computadores, a empresa poderia obter benefícios fiscais equivalentes a cerca de US$ 34 para cada US$ 100 de depreciação de valor. Além disso, a Apple alegou que teria que pagar pelo serviço nos dispositivos, mesmo que fossem vendidos e atendidos pela Sun Remarketing.
Porém, o GameStar, citando Bob Cook, sugere uma perspectiva diferente. Cook acredita que a Apple queria simplesmente apagar os Lisas da memória coletiva, evitando que um fracasso prejudicasse sua imagem. Independentemente da motivação, a decisão de enterrar os PCs ao invés de reciclar peças teve impactos ambientais negativos.
Quanto à compensação financeira de Bob Cook por seu investimento na atualização dos Lisas, não está claro se ele recebeu algum reembolso da Apple. Além disso, persiste a questão da discrepância nos números de computadores Lisa enterrados (2.700 ou 7.000?), com a possibilidade de Cook ter vendido várias unidades antes da Apple recuperá-las.
As informações são do IGN Brasil