No decorrer do último final de semana, uma padaria situada em Barueri, interior de São Paulo, tornou-se motivo de controvérsia nas redes sociais, após um cliente compartilhar vídeos no antigo Twitter (X) evidenciando sua expulsão do estabelecimento por utilizar um notebook enquanto consumia produtos no local.
Na primeira postagem, o usuário @cicianjo compartilhou um vídeo no qual mostra um homem, identificado como Silvio Mazzafioria, proprietário do Empório Bethaville, apontando para o computador sobre a mesa e uma pequena placa, questionando se a pessoa que está gravando ‘não sabe ler’. Ele chega a dar um tapa no celular do cliente, que está demonstrando que está consumindo no local. Após a abordagem, o homem acabou perseguindo e ameaçando o cliente fora do estabelecimento.
Conforme afirmado por Carolina Vesentini, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), os proprietários de estabelecimentos têm o direito de proibir o uso de eletrônicos, desde que isso seja previamente informado aos consumidores.
“Se a informação estiver nitidamente disponível para todos os clientes, ele estará consciente e terá a opção de decidir por permanecer ou sair do recinto, mas deve aderir às normas estabelecidas do local”, afirma.
Esta não parece ter sido a primeira vez que algo semelhante aconteceu na padaria. Comentários de clientes podem ser encontrados em sites como Reclame Aqui, Tripadvisor e nas avaliações do Google.
Em um deles, publicado em outubro de 2020, uma cliente contou que visitou o estabelecimento para tomar café e almoçar com um colega de trabalho, mas foi abordada por deixar o computador em cima da mesa. “Fui abordada pelo segurança e pelo proprietário que em voz alta e de forma intimidadora gritava para que eu saísse do estabelecimento”, diz na reclamação, acrescentando que se sentiu constrangida.
Outra reclamação, datada de abril de 2023, fala sobre a abordagem do gerente e proibição no uso do laptop para checar e-mails. “A alegação foi de que pessoas vão à padaria para trabalhar e não consomem nada. Péssima gestão. Perdeu em uma semana o cliente”, declara.
A equipe da padaria respondeu a essa reclamação dizendo que houve ‘inúmeros problemas’ relacionados ao uso de computadores no estabelecimento. “A recorrência desse tipo de situação foi alta e por isso nos sentimos obrigados a proibir a utilização do espaço para trabalho”, diz a réplica.
Em uma conversa com o G1, Alan Barros, o cliente responsável pela gravação dos vídeos, expressou seu espanto diante do incidente. Acostumado a realizar suas atividades em cafés em Dubai, onde reside, ele optou por fazer o mesmo durante sua visita ao Brasil. Barros afirmou que não notou a placa que alertava sobre a proibição do uso de eletrônicos na padaria, o que o deixou surpreso.
Na placa, disposta nas mesas, é possível ler: “Mesas destinadas somente a consumo de alimentos. É proibida a permanência e utilização de notebooks, tablets e demais aparelhos eletrônicos para trabalho remoto e reuniões, sejam elas online ou presenciais”. Para a advogada do Idec, a comunicação é clara e, portanto, o dever de informação foi cumprido por parte do estabelecimento.
A matéria original registra mais de 8 milhões de visualizações no X, acompanhadas de 2.500 comentários. Desde que o caso ganhou destaque, a conta da padaria foi removida do Instagram, entretanto, as páginas em plataformas de avaliação foram inundadas por críticas relacionadas aos vídeos.
Vesentini destaca que, embora o estabelecimento seja privado e tenha o direito de estabelecer suas próprias normas, o empreendedor perdeu a razão ao ameaçar e agredir o cliente, ultrapassando assim a esfera da defesa do consumidor e ingressando na esfera penal. Barros formalizou um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Barueri.
Com informações de PE&GN