Foto: EFE/ André Borges
Sigla é a primeira a anunciar assinatura ao pedido oficialmente
O Partido Novo anunciou nesta terça-feira (20) apoio ao pedido de impeachment contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por declaração dada pelo presidente no último domingo (18), na Etiópia. O petista comparou a ação de Israel na guerra na Faixa de Gaza com o extermínio em massa de judeus praticado por Adolf Hitler.
– Um presidente da República não deve apoiar assassinos, terroristas e ditaduras, e tampouco ser hostil com nações amigas – diz a sigla em nota.
O partido é o primeiro a anunciar a assinatura ao pedido oficialmente. Ainda não há previsão de o documento ser protocolado na Câmara. Além do Novo, são signatários do pedido deputados de PL, Podemos, PP, PRD, PSD, Republicanos, União Brasil, Cidadania, PSDB e MDB.
A declaração de Lula ocorreu durante entrevista coletiva em Adis Abeba, capital da Etiópia.
– O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus – disse Lula, que também criticou Israel ao afirmar que Tel-Aviv não obedece a nenhuma decisão da ONU e afirmou que defende a criação de um Estado palestino.
O presidente afirmou ainda que o conflito “não é uma guerra entre soldados e soldados, é uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”.
– Não é uma guerra, é um genocídio – afirmou.
Já no domingo, deputados de oposição repudiaram a fala e começaram a recolher assinaturas para apresentar o pedido de impeachment. Na noite de domingo, o documento tinha 80 signatários, que na manhã desta terça-feira já eram 114.
Os parlamentares dizem que a afirmação de Lula é “injustificável, leviana e absurda” e citam um trecho da lei que fundamenta os crimes de responsabilidade para justificar o pedido. O texto diz que é crime “cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade”.
Além dos deputados, senadores também repudiaram a fala do presidente. O grupo parlamentar Brasil-Israel, do Senado, condenou e classificou como “tendenciosa e desonesta” o pronunciamento de Lula. Também condenaram a fala o presidente de Israel, Binyamin Netanyahu, e entidades judaicas no Brasil, como a Confederação Israelita do Brasil (Conib).
Leia a íntegra da nota do Novo:
As declarações absurdas de Lula, relativizando o Holocausto e insultando o povo judeu, são o epílogo de uma política externa desastrosa, puramente ideológica, alinhada a ditaduras e grupos terroristas, e cuja continuidade é uma ameaça iminente à posição do Brasil perante a comunidade internacional.
Um presidente da República não deve apoiar assassinos, terroristas e ditaduras, e tampouco ser hostil com nações amigas. Tem a obrigação de seguir regras de comportamento à altura de seu cargo, e não pode proferir absurdos e tolices que exponham a nação ao constrangimento.
Tais atitudes configuram crime de responsabilidade, conforme a Lei do Impeachment, que define como infração “cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade”, além de “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo”.
É preciso tratar o Brasil – e o cargo mais importante da República – com respeito. Para o bem do país, a Câmara dos Deputados deve afastar Lula pelos crimes de responsabilidade cometidos, e pela clara inaptidão para ocupar a presidência.
*AE