Foto: Reprodução.
Um pancadão que dura pelo menos dez horas tem gerado transtorno na Rua Maria Luíza do Espírito Santo, no Jardim Miriam, zona sul de São Paulo, durante os fins de semana. A balada clandestina é marcada pelo som alto de funk, consumo de drogas e atividades sexuais ao ar livre, reunindo uma multidão de jovens que ocupa a rua do fim da tarde até a madrugada.
Moradores locais, que falaram ao Metrópoles sob anonimato por medo de represálias, relatam que durante o evento a rua fica completamente bloqueada, impedindo-os de sair ou chegar em suas residências.
De acordo com registros da Polícia Militar (PM), no ano passado foram feitas 32 reclamações contra o pancadão na Rua Maria Luíza do Espírito Santo, um aumento de 540% em relação às queixas do ano anterior.
Uma moradora com mais de 30 anos de residência na região afirmou que sua rotina foi brutalmente afetada desde o início dos bailes funk, organizados por uma “adega” que vende bebidas alcoólicas.
Vídeos enviados à reportagem mostram a rua tomada por milhares de jovens, consumindo drogas, bebendo e ouvindo funk em um volume ensurdecedor. A concentração de pessoas é tão intensa que a via se torna intransitável.
“Não durmo, não consigo falar ao telefone, assistir televisão. Fico dentro de casa sufocada. É uma multidão gigantesca. É gente usando droga, urinando nos portões, praticando sexo, e o barulho é insuportável”, relatou uma das moradoras.
Outra moradora afirmou que seu neto, uma criança, fica “apavorado” e chora diante do barulho constante do pancadão na porta de casa.
“A nossa situação é apavorante, porque a gente não sabe como agir. Estamos presos dentro de casa. Se precisar ir ao hospital, não consigo sair de minha própria casa, porque o portão é tomado por uma multidão gigantesca. Eles brigam com a gente. A gente é que é o problema para eles, não o contrário”, lamentou.
A mulher relatou que corre o risco de não conseguir voltar para casa quando sai antes do início de um pancadão no fim de semana, pois a multidão bloqueia a rua. “Eles não deixam os carros passarem, é um desespero”.
O único veículo permitido nos bailes são os carros equipados com o “paredão”, como são chamadas as potentes caixas de som que tocam funk em volume máximo.
O problema não se restringe apenas à zona sul da capital paulista. A reportagem apurou que outros pancadões são organizados em todas as regiões da cidade, com dimensões ainda maiores do que as do Jardim Miriam, causando o mesmo tipo de transtorno.
Procurada pelo Metrópoles, a Polícia Militar informou que tem realizado “diversas operações” nas imediações do Jardim Miriam nos últimos dois anos, com reforço do policiamento, pontos de estacionamento e ocupações antecipadas, “objetivando, principalmente, o impedimento de instalação de ‘pancadões'”.
Já a Prefeitura de São Paulo afirmou que, durante uma fiscalização realizada no ano passado, constatou que o nível de ruído emitido no Jardim Miriam “excedia os limites permitidos”, e que formalizou um “termo de orientação” na ocasião.
Com informações do Metrópoles.