Ricardo Stuckert/PR
Lula disse que o adversário se “acovardou” e não teve coragem de consumar um golpe de Estado
O pedido de anistia aos presos pelo 8 de Janeiro feito pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi ironizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na noite desta terça-feira (27/2), em entrevista ao programa É Notícia, da RedeTV!, o petista afastou a hipótese de o Executivo tomar a iniciativa de uma medida que venha beneficiar os bolsonaristas presos e chamou o adversário de “covarde”.
“Está pedindo anistia? Você quer apagar a bobagem que fez? A bobagem é que ele [Bolsonaro] se acovardou, pensou o golpe, não teve coragem”, disse Lula ao jornalista Kennedy Alencar.
A possibilidade de o governo Lula propor ao Congresso uma “anistia” foi colocada por Bolsonaro em entrevista para programa on-line da Revista Oeste. Mas ele admitiu que esse é um cenário “muito difícil”. “Eu sei que o Parlamento é o ente que decide essa questão, mas, partindo do Executivo, seria muito bem-vindo”, disse.
Não foi o bastante para sensibilizar Lula. O presidente ressaltou que, pelas “barbaridades que fez”, Bolsonaro deverá se submeter ao processo jurídico a que todo cidadão tem direito em uma democracia, inclusive a “presunção de inocência” que, ele repetiu, não teve durante o processo da Lava Jato, em referência à operação comandada pelo ex-juiz e hoje senador Sergio Moro.
“Primeiro você vai ser julgado, você cometeu muita barbaridade. Você vai ser julgado, apreciado. Vai ter seu advogado de defesa. Eu só quero que você tenha a presunção de inocência que eu não tive. Quero que você tenha pra você dizer o que fez e o que não fez. É um direito seu, um direito da democracia. E é isso que eu garanto para o meu melhor amigo e para o meu pior inimigo: o direito de defesa pleno”, ressaltou Lula.
Em seguida, o petista foi duro ao dizer que o adversário se “acovardou” e não teve coragem de consumar um golpe de Estado.
“Está pedindo anistia? Você quer apagar a bobagem que fez? A bobagem é que ele se acovardou, pensou o golpe, não teve coragem. Foi embora para os EUA com antecedência, achando que ia acontecer [o golpe], que a sociedade iria sair todo mundo apavorado e ele ia voltar ungido pelas massas. E não foi isso o que aconteceu. O que aconteceu é que as instituições assumiram a responsabilidade pela democracia e você agora está em um processo de investigação”, afirmou.
“Se for inocente, será inocente”
Por fim, Lula ainda criticou Bolsonaro pelo fato de o ex-presidente ter se calado durante o depoimento dado à Polícia Federal sobre uma suposta organização criminosa que estaria engendrando um golpe de Estado em 2022.
Embora ele mesmo tenha utilizado do artifício em abril de 2019, em audiência à PF em Curitiba, onde estava preso, como lembrou o colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.
“Eu sei que o cara quando é covarde não fala. Quando o cara é covarde e vai prestar depoimento, o advogado fala: ‘Não fala nada’. E eu sei que ele foi lá e ficou quietinho, com boca fechada”, disse Lula.
“Porque ele fala bobagem o dia inteiro, quando era presidente era de manhã, de tarde, de noite. Agora no processo, ele chega todo fino, sem querer falar. Então, é isso que vai acontecer, vai ser investigado, prestar depoimento e um belo dia terá o julgamento. Se for inocente, será inocente”, concluiu.
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