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Na última sexta-feira (2), a Interpol efetuou a prisão de Hernán Diego Dirisio, identificado como proprietário de uma empresa com sede em Assunção, Paraguai. A organização era apontada como responsável pela importação de armas destinadas a facções criminosas no Brasil, em especial o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV).
De acordo com informações da Polícia Federal (PF), o modus operandi envolvia a importação de armamentos da Europa para o Paraguai. Posteriormente, as armas eram adulteradas e repassadas a grupos intermediários na fronteira, que por sua vez as revendiam às principais facções criminosas brasileiras.
As investigações tiveram início em 2020, na Delegacia de Polícia em Vitória da Conquista, Bahia, quando dois indivíduos foram detidos com 23 pistolas croatas e dois fuzis, acompanhados de munições e carregadores, todos com indícios de adulteração.
Em dezembro do mesmo ano, Brasil e Paraguai realizaram uma operação conjunta de combate ao tráfico internacional de armas.
Após a apreensão inicial, uma perícia da PF apontou a importadora no Paraguai como responsável pela aquisição das armas de países europeus, como Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia.
Conforme reportagem anterior da Folha, a organização criminosa operava com sete subdivisões, envolvendo a compra das armas, negociação com as facções brasileiras, logística de envio para o Brasil e lavagem de dinheiro, tanto para a importação pela empresa paraguaia quanto para os criminosos brasileiros.
No processo de importação no Paraguai, a PF afirmou que a lavagem de dinheiro ocorria por meio de empresas baseadas em Miami, nos Estados Unidos, enquanto a lavagem pelos compradores brasileiros se dava através de doleiros no Brasil e no Paraguai.
Sobre os compradores brasileiros, a PF interceptou conversas entre o grupo de negociadores na fronteira e membros das lideranças do PCC e Comando Vermelho. O superintendente da PF na Bahia, Flavio Albergaria, destacou que identificar essas negociações representou o principal desafio da investigação, e as interceptações conseguiram estabelecer uma relação direta entre as facções brasileiras e os negociantes paraguaios.
Em uma das conversas interceptadas, um membro de uma facção brasileira mencionou a necessidade de armas de calibre mais elevado, após receber a oferta de pistolas de calibre .380.
A PF está em processo de investigação para determinar quantas das aproximadamente 40 mil armas importadas pela empresa paraguaia foram parar nas facções brasileiras. Desde o início das investigações, estimativas apontam que a empresa importou cerca de 43 mil armas para o Paraguai, movimentando aproximadamente R$ 1,2 bilhão ao longo de três anos.
Nesse período, foram realizadas 67 apreensões em diversos estados brasileiros, totalizando 659 armas apreendidas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Ceará.
Com informações Folha de S. Paulo.