O general e ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, tem afirmado a seus amigos que não ficou inerte ao tomar conhecimento da suposta tentativa de golpe.
Freire Gomes argumenta que coordenou esforços com seus colegas no alto escalão do Exército para impedir a possibilidade de um golpe.
De acordo com relatos do general a seus interlocutores, ele acreditava que uma atuação junto ao Alto Comando seria mais eficaz do que denunciar as intenções do então presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em uma reunião no início de dezembro de 2022, revelada pelo tenente-coronel Mauro Cid, a minuta do golpe foi apresentada aos chefes das Forças Armadas.
Conforme a delação premiada do ex-ajudante de ordens da Presidência, o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, indicou que seus homens estavam prontos para seguir um chamado, mas Freire Gomes recusou-se a apoiar o plano.
Para seus amigos, Freire Gomes tem frisado que denunciar as intenções do então chefe do Executivo ao STF simplesmente resultaria em uma crise institucional no país, com o risco de provocar uma ruptura.
Um amigo de Freire Gomes argumentou com a coluna de Tales Faria/UOL: “A quem o comandante poderia fazer uma denúncia contra o então presidente? Somente ao STF. Isso seria solução ou criaria mais problema?”
O ex-comandante do Exército pretende destacar à Polícia Federal, durante seu depoimento, que não agiu com omissão nem prevaricação. Em vez disso, argumentará que utilizou sua posição para atuar de forma objetiva contra qualquer tentativa de golpe, colaborando com os colegas do generalato nesse sentido. Essa postura seria a razão pela qual o candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, general Walter Braga Netto, teria manifestado descontentamento em relação ao então comandante do Exército.
Braga Netto, numa mensagem a um militar amigo, sugeriu que fosse oferecida “a cabeça” de Freire Gomes aos leões. Chamou o general de “Cagão” e atribuiu à sua “omissão e indecisão, que não cabem a um combatente”.
O atual comandante do Exército poderá ser chamado como testemunha a favor de Freire Gomes. O general Tomas Paiva já declarou em entrevista ao jornal O Globo que Freire Gomes, quando “comandante do Exército, não tinha opção”.
Com informações de UOL/TALES FARIA