foto: Reprodução / IA Cutout
Força-tarefa para achar fugitivos de presídio federal conta com cerca de 300 agentes, mas apenas rastros foram encontrados
A primeira fuga de um presídio de segurança máxima do país completa, nesta segunda-feira (19/2), seis dias. Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson “Tatu” Cabral Nascimento, de 33, fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) na última quarta-feira (14/2) e seguem foragidos.
A força-tarefa para encontrar a dupla conta com cerca de 300 agentes federais e estaduais, helicópteros e drones. Apesar do esforço, apenas rastros e pegadas, roupas e restos de alimentos foram encontrados na zona rural.
Quem são os fugitivos?
Rogério da Silva Mendonça e Deibson “Tatu” Cabral Nascimento são integrantes da organização criminosa Comando Vermelho (CV) e são “matadores” da facção carioca, ou seja, responsáveis por executar rivais e faccionados que descumprem normas internas do CV e membros do “tribunal do crime” – punição para “desvio de condutas” dentro da organização.
Deibson “Tatu” Cabral foi condenado a 81 anos de prisão em 2015. Ele tem condenações por assaltos, furtos, roubos, homicídio e latrocínio e já participou de uma quadrilha que teria cometido 12 sequestros, incluindo um prefeito da Bolívia. “Tatu” é apontado pela polícia como fundador do CV no Acre.
Rogério da Silva, por sua vez, foi condenado a 74 anos de prisão e responde por diversos processos judiciais, entre eles roubos, associação a facção criminosa e assassinatos.
A dupla foi transferida para a Penitenciária Federal de Mossoró em setembro do ano passado, depois de se envolver em uma sangrenta rebelião no Presídio Antônio Amaro Alves, em Rio Branco (AC). De acordo com a Polícia Civil do estado, Rogério e Deibson tiveram ligação direta com pelo menos cinco mortes, uma vez que os presos executados pertenciam a um grupo rival do CV, o Bonde dos 13.
Fuga
Rogério da Silva Mendonça e Deibson “Tatu” Cabral Nascimento, vizinhos de cela, fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró na madrugada de quarta-feira (14/2), através de um buraco na parede da cela.
De acordo com o Ministério da Justiça, o buraco foi feito na área da luminária da cela, que fica na parte superior de uma das paredes. O órgão desconfia que a fuga foi facilitada por funcionários de uma obra que é realizada no teto da prisão ou por servidores da cadeia que conheciam a dinâmica da reforma.
A primeira fuga de penitenciárias federais ocorreu 11 meses após audiências no governo, que abordaram o suposto rigor excessivo das cinco unidades administradas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Investigações
Desde sexta-feira (16/2), após 48h de procura, grupos de elite da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF)participam da busca pelos integrantes do Comando Vermelho. O envio dos grupos foi definido pelas cúpulas das polícias em acordo com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, na quinta-feira (15/2).
A força-tarefa para encontrar a dupla conta com cerca de 300 agentes federais e estaduais, helicópteros e drones. Desse total, 100 são agentes da PF, 100 da PRF e 100 das forças policiais locais.
Entretanto, apenas rastros e pegadas, roupas e restos de alimentos foram encontrados na zona rural. De acordo com os investigadores, roupas, toalhas e lençóis teriam sido furtados de uma casa localizada perto da penitenciária.
Segundo a advogada das famílias de Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento, Flávia Fróes, os detentos teriam sido mortos dentro do presídio e a suposta fuga seria uma desculpa para o assassinato cometido dentro das celas.
A advogada ainda questiona a não existência de filmagens do momento da fuga.
Entretanto, de acordo com a polícia, a dupla teria feito uma família refém na noite de sexta-feira (16/2), e, após comerem no local, teriam fugido com mantimentos da casa.
O que diz Lewandowski?
Em Mossoró (RN), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou, em coletiva de imprensa, que a fuga da penitenciária federal não afeta a segurança das outras quatro prisões brasileiras do tipo.
Para o ministro, a falta de sucesso na captura dos prisioneiros é uma “dificuldade momentânea” e trata-se de um problema localizado.