Jéssica Ribeiro/Metrópoles
Desde o início do ano, o Ministério da Saúde registrou mais de 512 mil casos da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e que provoca dores e febre. Esse número é quatro vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2023.
A previsão das autoridades de saúde é que pode haver uma onda de 4 milhões a 5 milhões de casos em 2024, “um número sem precedentes, mesmo em um país acostumado a doenças tropicais”, destaca o Le Monde.
Até agora, 75 pessoas morreram de dengue e outras 340 mortes suspeitas estão sendo investigadas. Mais da metade das cidades brasileiras foram atingidas e quatro estados declararam situação de urgência sanitária. Minas Gerais, Acre, Paraná e Brasília estão entre as regiões mais afetadas pelo surto de dengue.
A venda de repelentes teve um aumento de 400%.
Hospital de campanha
Para aliviar a pressão sobre os hospitais, o Exército abriu no dia 5 de fevereiro um hospital de campanha em Ceilândia, cidade satélite da capital. Em apenas três dias, a unidade atendeu 3.500 pacientes.
Para o virologista Edilson Luiz Durigon, ouvido pela reportagem do Monde, “o calor e a umidade são um coquetel ideal para a proliferação do mosquito”. Porém, ele denuncia um descuido das autoridades em políticas de prevenção, já que o transmissor da dengue se reproduz no ambiente doméstico.
A campanha de vacinação, iniciada no dia 2 de fevereiro, dispõe de apenas 750.000 doses, segundo o texto. Em razão da escassez de vacinas contra a dengue, apenas crianças e adolescentes, considerados mais vulneráveis, serão vacinados e o resto da população não terá escolha a não ser as clínicas privadas, onde as duas doses da vacina podem custar até R$ 1.000, o equivalente a 75% do salário mínimo do Brasil, destaca o diário francês.
Além disso, o carnaval também é considerado um forte vetor de contaminações no país e as chuvas, esperadas para março, podem piorar a situação.