O mastruz, também conhecido como “erva-de-santa-maria”, destaca-se como uma das plantas mais empregadas como remédio globalmente. Recentemente, ganhou reconhecimento ao ser incluído na Relação de Plantas Medicinais de Interesse do Sistema Único de Saúde (SUS), impulsionando pesquisas que visam comprovar sua eficácia no tratamento de diversas doenças e no reforço do sistema imunológico.
Com raízes na tradição das receitas caseiras, o mastruz é amplamente utilizado, especialmente na região Nordeste do Brasil. Reconhecido como um eficaz vermífugo, é também aplicado no tratamento de doenças gástricas e bronquite. Além disso, a aplicação tópica da planta triturada é realizada para tratar feridas, contusões e fraturas, conforme explica a nutricionista e especialista em fitoterapia e acupuntura, Luisilda Dernier Martins.
Apesar de sua história como erva medicinal e tempero em algumas culinárias, é crucial lembrar que o mastruz, em grandes quantidades, pode ser tóxico. A especialista ressalta a importância de utilizá-lo com moderação.
Ela destaca ainda que é importante consultar um profissional de saúde ou um especialista em plantas medicinais antes de incorporar o mastruz à dieta, especialmente nos casos de gravidez ou preocupações no âmbito da saúde. “Devemos ter em mente que o uso de plantas medicinais pode levar a efeitos colaterais indesejados, especialmente se o paciente estiver tomando outros medicamentos. É importante ressaltar também que a eficácia do mastruz como tratamento não é amplamente reconhecida pela medicina convencional, e não há ainda comprovações científicas sólidas para sua utilização. Antes de usar o mastruz ou qualquer outra planta medicinal, é aconselhável ser avaliado por um profissional de saúde”, alerta.
O QUE É MASTRUZ?
Nome comum de várias plantas herbáceas do gênero Chenopodium, que são encontradas em várias partes do mundo e têm uma variedade de usos, incluindo culinário e medicinal.
A espécie que possui o nome científico de Chenopodium ambrosioides possui várias denominações populares, como “mastruz”, “mentrus”, “mastruço”, “erva-de-santa-maria”, epazote, lombrigueira, chá-do-méxico ou ambrósia-do-méxico.
É uma planta que pode chegar até 1 metro de altura, dotada de arbustos com folhas alongadas de tamanhos diferentes, flores e sementes muito pequenas com óleo essencial de cheiro forte e pouco agradável.
PROPRIEDADES
- Indicado para combater parasitoses e vermes intestinais, parasitas da pele, escabiose e nematoides.
- Anti-helmíntico, especialmente eficaz contra áscaris, ancilóstomos e amebas intestinais;
- Tônico, regulador e fortalecedor do fígado, estômago e intestinos, sendo utilizado também em casos de refluxo gastresofágico, gases, cólicas, constipação crônica e hemorroidas;
- Usado também como analgésico, anti-inflamatório e antimicrobiano. É empregado, na medicina popular, como peitoral, principalmente nas bronquites catarrais. Externamente, é usado como vulnerário em contusões;
De acordo com a nutricionista, o mastruz é uma planta considerada anti-inflamatória, apesar dos mecanismos de como isso ocorre não serem totalmente compreendidos. “Alguns estudos sugerem que ele pode reduzir a inflamação, inibindo a ação de uma enzima chamada ciclooxigenase (COX), diminuindo assim, a produção de prostaglandinas inflamatórias”, explica.
O mastruz é rico em compostos antioxidantes, como flavonóides e polifenóis. Os antioxidantes ajudam a combater o estresse oxidativo no corpo, que está associado a processos inflamatórios. A planta também possui óleos essenciais, como o ascaridol. “Esses óleos essenciais podem reduzir a produção de substâncias inflamatórias no corpo. Além do ascaridol, outros terpenoides (vasto grupo de metabólitos secundários com ações sobre o Sistema Nervoso Central) podem estar presentes no mastruz, contribuindo para suas propriedades medicinais”, adiciona.
O mastruz é uma planta que apresenta uma variedade de vitaminas e minerais em sua composição, com variações nas concentrações. Entre as vitaminas presentes no mastruz, destacam-se A, C, E, K, Complexo B, além de ácido fólico e B12. Além disso, a planta é abundante em minerais como cálcio, magnésio, potássio, cobre, ferro, manganês, fósforo, sódio, selênio e zinco.
PARA QUE SERVE O MASTRUZ
A utilização do mastruz varia de acordo com a região e a cultura, e nem todas elas são comprovadas por evidências científicas, frisa a nutricionista. Seguem alguns usos tradicionais associados ao mastruz:
- Vermífugo: usado para expulsar vermes intestinais.
- Anti-inflamatório: trata inflamações e dores.
- Antiespasmódico: ajuda a aliviar cólicas e espasmos musculares.
- Imunidade: algumas pessoas acreditam que o mastruz pode fortalecer o sistema imunológico. Sendo assim, o corpo se torna menos suscetível a doenças, inflamações e infecções.
- Protege a saúde do estômago: principalmente quando preparada na forma de chá, a erva-de-santa maria ajuda a controlar a acidez do estômago, evitando crises de gastrite.
- Cicatrização da pele: quando usada como cataplasma (emplastro), ou seja, aquecida e aplicada sobre a pele, a erva pode ajudar no processo de cicatrização, principalmente devido à abundância de antioxidantes. “Por isso, auxilia a cicatrizar desde ferimentos como pequenos cortes até picadas de insetos, ajudando a diminuir o inchaço”, ressalta Dernier Martins.
- Tratamento de problemas respiratórios: especialmente na forma de xarope ou de chá, o mastruz beneficia o sistema respiratório, por exemplo, ajudando a aliviar sintomas da gripe e resfriados, como a tosse, a rouquidão e a coriza. É indicado em casos de crises asmáticas, rinite e sinusite.
- Repelente de insetos: é conhecido por suas propriedades repelentes de insetos, o que o torna útil para afastar mosquitos e outros insetos voadores.
- Culinária: em algumas regiões, as folhas do mastruz são usadas como condimento em pratos culinários, conferindo um sabor característico. No entanto, tal utilização do mastruz pode ser tóxica. “Não deve ser consumido em grandes quantidades, devido a compostos químicos presentes na planta”, avalia a nutricionista.
- Usos espirituais e culturais: em algumas culturas, o mastruz surge em práticas de cura e rituais tradicionais.
COMO SE DEVE CONSUMIR
- Chá de mastruz: é uma das formas mais comuns de consumo. Pode ser preparado a partir das folhas secas ou frescas da planta, sendo usado para aliviar problemas gastrointestinais como cólicas, além de suas propriedades anti-helmínticas (contra vermes).
- Tintura: é uma solução suave que extrai os compostos ativos das folhas de mastruz. Pode ser usado como um remédio concentrado.
- Suplementos: o mastruz em forma de cápsulas ou comprimidos apresenta propriedades anti-inflamatória, antiviral, antisséptica, cicatrizante, diurética, estimulante, purgante, sedativa, sudorífica e tônica. Recomendações de uso de uma a duas cápsulas ao dia. O produto, porém, não é considerado um medicamento.
- Culinária: as folhas de mastruz são utilizadas como tempero em pratos, dando um sabor distinto à comida.
A nutricionista alerta que, se ingerida excessivamente via oral, a erva-de-santa-maria pode ter efeito abortivo e, por isso, é contraindicada para gestantes. Ainda deve ser evitada por crianças menores de 2 anos e pessoas com doenças hepáticas ou renais.
COMO SE DEVE USAR PARA INFLAMAÇÃO
Para contusões e pancadas, o mastruz pode ser usado nas seguintes formas:
- Maceração: em uma vasilha colocar uma xícara de planta picada em meio litro d’água. Tomar uma xícara de chá de seis em seis horas.
- Suco: uma xícara da planta picada, para um copo de leite. Tomar durante a recuperação.
- Pomada ou creme: especialmente para aliviar dores musculares e articulares.
- Banho de ervas: as folhas de mastruz são adicionadas aos banhos de ervas, acreditando-se que podem proporcionar benefícios terapêuticos quando a planta é absorvida pela pele durante o banho.
COMO FAZER CHÁ DE MASTRUZ
Uma das formas mais comuns de consumir o mastruz é por meio de uma infusão, conforme destacado pela nutricionista. Para preparar, basta colocar de 1 a 2 colheres de chá das folhas secas da erva em uma xícara. Em seguida, ferva 200 ml de água e despeje sobre as folhas de mastruz, abafando a mistura com um pires por aproximadamente 5 a 10 minutos. Posteriormente, coe o chá e, se preferir, adoce conforme o seu gosto.