No meio do deserto, surge uma proposta ambiciosa que promete transformar o conceito de desenvolvimento urbano e moldar o futuro das cidades. Batizada de “The Line”, essa cidade vertical é uma obra-prima arquitetônica única, consistindo em um único edifício com incríveis dimensões de 170 quilômetros de comprimento, 200 metros de largura e 500 metros de altura. Estendendo-se do Mar Vermelho até o deserto na Arábia Saudita, a visão por trás desse empreendimento é abrigar nove milhões de residentes em um ambiente futurista de 34 quilômetros quadrados.
Com a primeira fase da construção já em andamento, a fachada do edifício será completamente espelhada, projetada para refletir e integrar-se à paisagem do deserto. O interior da cidade, por sua vez, se compromete a operar com zero emissões de carbono, utilizando 100% de energia renovável e preservando 95% das terras para a natureza.
A proposta inovadora não inclui carros nem estradas, eliminando assim as emissões associadas a esses meios de transporte. Em vez disso, a mobilidade será garantida por um trem de alta velocidade denominado “The Backbone”, capaz de percorrer todo o complexo em apenas 20 minutos, proporcionando transporte eficiente para os residentes e visitantes desta cidade futurista.
De acordo com o projeto NEOM, ou “terra do futuro”, que coordena a construção de The Line, a cidade é do tipo “honeypot”, o que significa que pretende atrair “os melhores e mais brilhantes”, definido pelo COO Giles Pendleton como pessoas dos “ecossistemas do MIT, do Vale do Silício ou de Stanford, por exemplo”.
The Line teria 170 km de comprimento, cortando toda a região de Neom/Foto: reprodução
O NEOM promete que as prioridades em The Line serão a saúde e o bem-estar, o que significa assegurar a cada habitante suas comodidades essenciais, que incluem escolas e médicos a cinco minutos a pé, acesso à natureza a dois minutos a pé através de “diversos espaço abertos”, “vistas intocadas” e “múltiplos níveis”.
Em comunicado à imprensa, Sua Alteza Real o Príncipe Herdeiro da Arábia Saudita e CEO da NEOM explicou: “A ideia de sobrepor as funções da cidade verticalmente e, ao mesmo tempo, dar às pessoas a possibilidade de se moverem perfeitamente em três dimensões para acessá-las é um conceito conhecido como Urbanismo de Gravidade Zero”.
(Fonte: Giles Pendleton/The Line)
Segundo a plataforma de engenharia Design and Development Today, que considera The Line um “artifício promocional”, a logística da cidade foi analisada pela organização de pesquisa Complexity Science Hub (CSH). Os especialistas concluíram que a construção “definitivamente não deveria ser um modelo para cidades futuras”.
O Centro de Estudos Sociais e Humanos (CSH) examinou informações relacionadas à mobilidade, densidade populacional e riqueza cultural, chegando à conclusão de que todas apresentam índices insatisfatórios.
Finalmente, Rafael Prieto-Curiel, que trabalhou na análise do projeto, falou o que todos parecem pensar, mas não dizem diretamente: “Uma linha é a forma menos eficiente possível de uma cidade […]. Há uma razão pela qual a humanidade tem 50 mil cidades, e todas elas são de alguma forma redondas”.
Com informações de MegaCurioso