A Conib (Confederação Israelita do Brasil) decidiu novamente recorrer à Justiça em relação ao jornalista Breno Altman. A entidade protocolou uma ação no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, acusando o fundador do site Opera Mundi de “incitar uma caçada aos judeus” ao apoiar as declarações do político petista José Genoino.
Durante uma entrevista concedida ao site Diário do Centro do Mundo, o ex-presidente do PT propôs o boicote a empresas judaicas e defendeu que o Brasil encerrasse as relações comerciais com Israel como resposta aos acontecimentos em Gaza. Após a repercussão das declarações, Altman, que é judeu, expressou seu apoio a Genoino.
“José Genoíno está coberto de razão. O Estado colonial e racista de Israel deve ser submetido a boicote, desinvestimento e sanções, como a África do Sul durante o apartheid. Empresas apoiadoras desse regime criminoso, incluindo as brasileiras, devem receber a mesma punição”, escreveu o jornalista nas redes.
Genoino, posteriormente, negou ser antissemita, disse repudiar “qualquer tipo de preconceito contra o povo judeu” e afirmou que se vê na obrigação de denunciar o “genocídio do governo de Israel contra o povo palestino”.
A postagem é uma das citadas pela Conib na nova ofensiva judicial. A entidade pede que Altman tenha suas redes suspensas e seja proibido, sob pena de prisão preventiva, de seguir fazendo suas críticas públicas ao Estado de Israel.
Assim como em uma ação anterior, a confederação volta a solicitar que o jornalista seja vetado de “participar de lives, vídeos e ou manifestações que tenham o mesmo cunho e objetivo de intolerância e de incitação à violência”.
“Ao concordar com a sugestão de boicotar essas empresas, Breno Altman mais uma vez deixa evidente o seu antissemitismo e, mais do que isso, o seu elevado grau de periculosidade, ao reforçar estereótipos prejudiciais, alimentar preconceitos e contribuir para a disseminação de sentimentos hostis contra os judeus”, afirma a Conib.
“O posicionamento de José Genoíno, seguido por Breno Altman, e a repercussão que gerou a partir deste, está gerando pânico, temor e desespero na comunidade judaica, por se tratar de um estímulo à perseguição, tal qual aconteceu durante o Holocausto”, completa a entidade.
Procurado pela coluna, o advogado Pedro Serrano, que defende o jornalista, afirma que a Conib confunde críticas ao sionismo com antissemitismo e, com isso, repete uma tentativa de censura.
“Trata-se de uma tentativa de censurar opiniões políticas do Breno, que nada têm de antissemitismo. O que ele tem é um antissionismo, ou seja, ele é crítico ao sionismo, que é uma posição política”, diz Serrano.
“O Breno é judeu, teve antepassados mortos em campos de concentração. Não tem nenhum sentido ele ser contra ele mesmo, contra a própria família”, afirma ainda.
Há vários meses, o jornalista tem expressado opiniões contrárias às ações do Estado israelense no conflito em Gaza.
Em novembro, a 16ª Vara Cível de São Paulo ordenou a suspensão de sete de suas publicações em resposta a uma ação movida pela Conib. No início deste mês, a entidade recorreu novamente ao sistema judicial, alegando que Altman estava desrespeitando a decisão ao continuar compartilhando suas postagens.
Com informações da Folha de SP/MÔNICA BERGAMO