Foto: Fred Magno / o Tempo
Pesquisa revelou ainda que a inflação do processo produtivo e os problemas de logística também atrapalham bastante o mercado
A alta carga tributária sobre a cerveja é o maior problema enfrentado pelas cervejarias do país, seguida pela inflação do processo produtivo e pelas dificuldades de logística do setor. Esta foi a conclusão da pesquisa “Principais Desafios do Mercado Cervejeiro”, divulgada nesta terça-feira (6) pelo Guia da Cerveja, em parceria com o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv).
De acordo com o levantamento, 77% das cervejarias – de todos os portes e regiões – identificaram os impostos como o principal desafio enfrentado. O impacto da inflação sobre os custos de produção foi lembrado por 52% dos estabelecimentos, enquanto a ineficiência logística ficou em terceiro lugar na lista com 43% dos entrevistados.
“É preocupante que a alta carga tributária seja o principal desafio para as cervejarias. O consumidor brasileiro já paga o maior imposto sobre a cerveja de toda a América Latina e vemos que isso é um problema que se espalha também para a indústria. Esperamos que a regulamentação da reforma tributária, no que tange ao imposto seletivo, traga mais razoabilidade, previsibilidade e critérios que permitam que o setor se desenvolva cada vez mais”, afirmou Márcio Maciel, presidente executivo do Sindicerv.
A pesquisa ouviu 129 donos ou administradores de cervejarias das cinco regiões do país e também contou com o apoio do Sebrae e da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva).
“Este estudo busca iluminar os obstáculos pós-pandemia e explorar caminhos para o crescimento do setor cervejeiro. Esperamos que a pesquisa não apenas informe, mas também inspire ações concretas, tanto no âmbito das cervejarias quanto na formulação de políticas públicas, promovendo um futuro saudável para a indústria cervejeira”, diz Leandro Silveira, diretor de conteúdo do Guia da Cerveja.
Desafios por região e por porte
Além da alta carga tributária, a pesquisa identificou desafios adicionais enfrentados pelas cervejarias nas diferentes regiões do país e de acordo com o porte das indústrias.
No Sul e no Sudeste, há uma dificuldade maior para se destacar no mercado e alcançar metas, segundo 59% e 37% das cervejarias localizadas nessas regiões, respectivamente. As duas localidades abrigam o maior número de cervejarias registradas no país, segundo o Anuário da Cerveja 2022: 1.484 de um total de 1.729 cervejarias registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Para 77% das cervejarias localizadas no Nordeste, o segundo desafio mais enfrentado é a ineficiência logística e de distribuição. Já no Centro-Oeste, problemas financeiros e endividamento são o terceiro problema mais citado, juntamente com a questão logística (50% para cada). No Norte, impostos e impacto da inflação estão empatados com 33%.
Em relação ao tamanho da cervejaria, os impostos e a carga tributária elevada são unânimes e considerados o principal desafio para todos os estabelecimentos, independentemente do porte. No entanto, as cervejarias menores sofrem mais com os impostos e com a concorrência.
Como a indústria lida com os desafios
De acordo com a pesquisa, a indústria adota diversas estratégias para lidar com os desafios. Entre elas, estão a diversificação de fornecedores e a redução de gastos operacionais. Parcerias com bares, restaurantes e eventos são buscadas por 44% das cervejarias que desejam conquistar mais mercados.
“A indústria cervejeira no país possui uma produção quase 100% nacional e faz parte de um setor que gera mais de 2 milhões de empregos em todos os cantos do país. Os resultados desta pesquisa, além de oferecerem insights valiosos para as fabricantes, destacam a necessidade de políticas que apoiem o crescimento sustentável do setor cervejeiro no Brasil”, concluiu Maciel, do Sindicerv.
O Tempo