O partido MDB-SP, ao qual o prefeito de São Paulo e pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes, é filiado, solicitou ao Ministério Público Eleitoral (MPE) a abertura de uma investigação para apurar a distribuição de leques em apoio ao deputado federal Guilherme Boulos, candidato pelo PSOL na eleição municipal da capital paulista. A representação aguarda análise pelo promotor responsável.
Conforme reportagem do jornal Folha de S. Paulo divulgada no último domingo, pelo menos três blocos do carnaval paulistano distribuíram brindes aos foliões com referências ao líder sem-teto. O leque mais comum exibia a mensagem “Fica, vai ter (figura de um bolo)”. Outro também fazia menção indireta ao parlamentar, com a frase “SP + Gostoso com (figura de um bolo)”. O material, predominantemente nas cores amarela e roxa, foi utilizada na última campanha do psolista à prefeitura.
Foto: Danilo Verpa/Folhapress
Na notícia de fato protocolada nesta quinta-feira, o advogado Ricardo Vita Porto, representante do diretório municipal do MDB em São Paulo, solicita a instauração de uma investigação para identificar não apenas o responsável pela distribuição do material, alegando “evidente conhecimento de Guilherme Boulos”, mas também a identificação das gráficas responsáveis pela impressão do material, assim como o custo e o responsável pelo pagamento.
“Também é necessária a instauração da investigação para a identificação da mão de obra utilizada na distribuição desse material, em diversos pontos da cidade, com a apuração dos responsáveis por sua mobilização organizada e criteriosamente distribuída nos locais estratégicos, incluindo os locais em que Guilherme Boulos calculadamente se fez presente para promover-se pessoalmente”, diz notícia de fato que foi encaminhada.
O advogado alega que, além da distribuição dos materiais, Boulos se fez “ostensivamente presente” em vários blocos do carnaval de São Paulo e subiu a trios elétricos “na tentativa de ser ovacionado por claques e por militantes previamente mobilizados e organizados para essa promoção pessoal em festa comunitária”. A notícia de fato também ressalta o fato de o pré-candidato do PSOL ter compartilhado vídeos e fotos em suas redes sociais ao lado de pessoas portando o artefato.
“Não há como dizer que ele não tem ciência ou que não anuiu com a propaganda irregular veiculada em seu favor. Ao usar suas redes sociais para amplificar o alcance do engenho publicitário, o pré-candidato põe sua digital nos fatos e se torna, se não o único responsável, ao menos um dos responsáveis pela veiculação do ato (irregular) de campanha”, afirma o advogado na ação, acrescentando que “nenhum ato de pré-campanha eleitoral lícito admite a distribuição de material impresso de promoção pessoal”, “realização de showmícios” e “atos de campanha em bens públicos”.
“Aqui, vale observar que a estratégia adotada para a veiculação da campanha publicitária tentou burlar as regras eleitorais ao não fazer uma alusão direta ao candidato, mas trazer o desenho de um bolo, que claramente é um trocadilho com o nome do pré-candidato”, escreve Porto.
Com informações de O Globo