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A BYD apresentou oficialmente o Dolphin Mini. Havia a expectativa de que o novo compacto fosse lançado como o carro elétrico mais barato do Brasil, com preço para competir até com versões intermediárias de hatches a combustão. Mas isso não aconteceu.
O valor inicial do Dolphin Mini é de R$ 115.800, posicionando o modelo com preço superior ao de Renault Kwid E-Tech (R$ 99.800). O compacto chinês, porém, vem com o carregador wallbox para clientes que comprarem o primeiro lote.
Vale lembrar que a pré-venda traz desconto de R$ 10 mil na compra online e entrada no mesmo valor, com retirada na concessionária. De acordo com a montadora, já são mais de 6,5 mil solicitações em três dias.
Como é o Dolphin Mini
Formas simpáticas combinam ousadia e personalidade em doses acertadas, com muitos vincos pela carroceria e uma linha de cintura ascendente. Os faróis em LED tem formato que remete aos Lamborghinis, enquanto a traseira com lanternas interligadas lembra outro modelo da BYD – a minivan D1, que roda como carro de aplicativo pela capital São Paulo.
Autonomia declarada é de 280 km, de acordo com números do Inmetro. A velocidade máxima é de 130 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h ocorre em 14,9s. Traz como opções de condução os modos ‘Normal’, ‘Eco’, ‘Sport’ e de terrenos de baixa aderência.
Potência é de 75 cv, com torque máximo de 13,7 kgfm. A bateria tem capacidade de 38 kWh e o tempo de recarga entre 30% e 80% é de 30 minutos em um carregador rápido (DC).
Compacto se afasta do restante da linha no tamanho: com 3,78 metros de comprimento, ele é 10 cm maior do que um Renault Kwid e 34 cm menor do que o BYD Dolphin. Mesmo sendo pequenino, o novo chinês tem uma ótima distância entre-eixos de 2,50 metros, que resulta em bastante espaço para os joelhos de quem vai no banco de trás. Carro é homologado para apenas quatro passageiros.
Porta-malas tem capacidade volumétrica declarada de 230 litros, mas parece menor. Não há tampão para esconder a bagagem, então tome cuidado ao estacionar. Traz bolsa com um carregador para tomadas convencionais e um estojo com ideogramas chineses onde se lê “caixa de ferramentas”. Dentro dele há um kit selante de furos, pois carro não tem estepe nem pneu de uso temporário.
Cabine encanta pelo acabamento, que é muito superior em relação aos outros modelos nesta faixa de preço. Os materiais empregados são de boa qualidade, mesmo no caso dos plásticos rígidos. Os bancos dianteiros são bem parecidos com os dos modelos mais sofisticados da BYD, com formato anatômico e que apoia muito bem o corpo.
Diversos componentes são compartilhados com outros carros da marca chinesa. A BYD diz que o painel de instrumentos tem uma tela de sete polegadas, mas existe um “truque” aí, já que o quadro é composto por uma pequenina tela quadrada ao centro, onde efetivamente são exibidas as informações mais importantes, como velocidade e as luzes de advertência. As demais informações ficam nas extremidades e não fazem parte da tela.
Central multimídia possui uma tela de 10,2 polegadas que, como todo BYD, pode ser rotacionada verticalmente. É bacana, mas serve mais para impressionar os amigos do que facilitar sua vida, já que sua orientação não muda quando o Android Auto ou Apple CarPlay estão em funcionamento. Caso o motorista tenha um celular Android, ele poderá espelhar seu smartphone sem o uso de fios – algo impossível se ele for proprietário de um aparelho Apple.
Assim como no Dolphin, o seletor das marchas fica escondido ao lado dos poucos comandos físicos. Leva um pouco de tempo para encontrá-lo e achar o botão da marcha “P” também não é fácil à primeira vista – ele fica na lateral do seletor, bem escondido.
Pacote de segurança e conforto: tem como destaque assistente de partida em rampa, sensores de estacionamento traseiro, controle de cruzeiro, sistema de monitoramento da pressão dos pneus.
Impressões ao dirigir
Experiência só não é mais agradável devido a uma importante característica do projeto. A suspensão com calibragem excessivamente firme é bem dura, mais até do que a de superesportivos alemães. Pode ser irrelevante em países onde as ruas e avenidas são perfeitamente lisas, mas vira motivo de preocupação e chateação nas vias repletas de crateras do nosso Brasil.
O Dolphin Mini literalmente quica ao transpor lombadas que nem são altas. Pior: a calibragem rígida não faz o carro ser mais estável – muito pelo contrário. O motorista não precisa abusar muito para que a traseira fique completamente solta.
A situação piora significativamente para quem viaja atrás, já que a posição de sentar exatamente em cima do eixo traseiro faz o seu corpo virar uma extensão do amortecedor. Azar de quem for passageiro em uma corrida de aplicativo, por exemplo.
Ainda assim, impressiona que um carro elétrico nesta faixa de preço possa ser tão agradável de dirigir. Os bancos são aconchegantes e transmitem sensação de requinte extensível ao acabamento com plásticos decentes e materiais de boa qualidade. É até covardia comparar com os hatches compactos nesta faixa de preço.
UOL