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Nesta sexta-feira (2), o Ministério da Educação (MEC) reconheceu que os resultados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) foram divulgados “de maneira indevida” na manhã de 30 de janeiro. Durante um período de 25 minutos, as listas de aprovados exibidas no site estavam incorretas, conforme relatado pela pasta ao g1.
A página do Sisu saiu do ar imediatamente e foi republicada em 31 de janeiro, apresentando as classificações definitivas e distintas das visualizadas no dia anterior. Como resultado, candidatos que inicialmente comemoraram a aprovação na universidade descobriram que “perderam” a vaga.
O MEC afirmou que a divulgação equivocada se referia a resultados provisórios, ainda não homologados, e que a situação está sendo rigorosamente investigada. Quanto à frustração dos alunos afetados, a pasta não especificou se alguma medida seria tomada para reparar o erro, apenas destacou que eles, assim como os não aprovados, podem manifestar interesse em participar da lista de espera até 7 de fevereiro.
A segurança do sistema foi enfatizada pelo MEC, assegurando que os resultados oficiais não serão alterados.
Resumo dos Eventos:
- A divulgação oficial dos resultados do Sisu estava programada para 30 de janeiro.
- Alguns estudantes conseguiram visualizar as listas de aprovados na manhã daquele dia, mas a página tornou-se instável e ficou fora do ar.
- Às 20h do mesmo dia, o MEC informou sobre “problemas técnicos” e adiou a divulgação dos resultados para 31 de janeiro.
- Quando as listas definitivas foram finalmente divulgadas, a classificação estava diferente da exibida em 30 de janeiro.
- Alunos que celebraram a aprovação descobriram que perderam a vaga devido ao erro.
- Em 2 de fevereiro, o MEC admitiu a divulgação equivocada de resultados provisórios.
Estudantes Afetados Compartilham suas Experiências:
Diversos estudantes expressaram frustração, incluindo relatos de comemorações, anúncios nas redes sociais e planos alterados devido ao erro no sistema. Alguns alunos destacaram as implicações emocionais e a sensação de terem tido suas expectativas frustradas.
Na manhã de terça-feira (30), Khauany Freitas, de 18 anos, entrou no site do Sisu e viu a mensagem com que tanto sonhava: “Parabéns, você foi selecionada na chamada regular”.
Ela postou no Instagram: “Caloura da UFF [Universidade Federal Fluminense]!!!! Obrigada a Deus e a todas as pessoas que me ajudaram!”. Nos braços, escreveu “ciências biológicas” com tinta (nome do curso em que havia sido aprovada na modalidade de cotas).
Até que houve uma reviravolta: assim como outros candidatos, por um erro do MEC, Khauany “perdeu” a vaga no dia seguinte.
“O site mostrou que eu não tinha passado na faculdade. Fiquei muito frustrada, tive uma crise de ansiedade e só consegui controlar por meio de remédios”, conta.
A mesma frustração de perder a vaga foi sentida por Maria Eduarda Xavier, de 19 anos, que, de um dia para o outro, viu seu nome “desaparecer” da lista de aprovados em engenharia ambiental no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG).
“Eu era a 3ª colocada de 3 vagas de cota [para alunos de escola pública]. Saí para comemorar com a família, mandei mensagem para as minhas melhores amigas, minha mãe postou nas redes… Minha avó [a entrevistada chora ao lembrar] ficou muito feliz de ver a última neta na faculdade. Até que, no dia seguinte, vi que não tinha passado”, diz Maria Eduarda. “Meu mundo caiu.”
No município de Lagarto (SE), Kamilly Giovanna, de 19 anos, ainda não teve coragem de contar para a mãe que, na verdade, não foi aprovada em estatística na Universidade Federal de Sergipe (UFS).
No resultado de 30 de janeiro, o nome da jovem estava na 1ª colocação na modalidade de cotas. A página saiu do ar, mas Kamilly acreditou que estivesse tudo correto. No dia seguinte, no entanto, o site do Sisu passou a exibir a seguinte mensagem: “Você não foi selecionada na chamada regular”.
“Acabou meu dia. Estou péssima, muito angustiada. Estou sem caminho, sem direcionamento, não sei se volto a estudar ou se acredito na chance da lista de espera”, diz, chorando.
‘Obrigada por ser um lixo, Sisu, obrigada pelo sonho estragado’, escreve candidata
Em 30 de janeiro, Clara Letícia, de 18 anos, estava comemorando, no cursinho, a conquista da vaga em direito na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Foi nesse momento que descobriu que o site do Sisu estava fora do ar e que a lista de aprovados só voltaria a ser publicada no dia seguinte.
Quando, em 31 de janeiro, o MEC divulgou o resultado definitivo, Clara não estava mais classificada para sua 1ª opção — e nem tinha a possibilidade de tentar concorrer na lista de espera, porque havia sido selecionada na 2ª opção (relações internacionais).
➡️Pelas regras do Sisu, só pode concorrer à lista de espera quem não for aprovado em nenhuma das duas opções de curso marcadas na inscrição.
“Eu me senti impotente e iludida. Não quis acreditar que aquilo estava acontecendo comigo”, conta ao g1.
Nas redes sociais, ela escreveu: “Obrigada por ser um lixo, SISU, obrigada pelo sonho estragado! Sonhei com minha aprovação À TOA. Tô devastada!”.
‘Não tenho coragem de contar para as pessoas que, na verdade, não passei’
Duas candidatas preferiram não ser identificadas na reportagem.
“Não quero falar que sou eu. Eu já tinha postado e comemorado minha aprovação”, diz uma das jovens, que ocupava, no dia 30, a última vaga de medicina de uma universidade federal.
Em 31 de janeiro, o site do Sisu passou a mostrar que ela só terá chance se for convocada na lista de espera (ou seja, se algum dos classificados na 1ª chamada não fizer a matrícula).
“Sempre participei do Sisu, e isso nunca tinha acontecido”, conta.
A outra estudante, de 17 anos, estava feliz com a aprovação em um curso de ciência e tecnologia no Rio Grande do Norte. Quando o MEC informou que os resultados “definitivos” sairiam só no dia seguinte, ela nem cogitou a possibilidade de ficar de fora.
“Minha nota estava alta. Não me preocupei. Postei no Instagram e comecei a planejar minha mudança de cidade”, diz. “Até que descobri, em 31 de janeiro, que meu nome não estava mais entre os aprovados. Chorei a noite toda. Agora, vou focar no Enem de novo.”
Na lista de espera, alunos caíram posições
Em Macaé (RJ), Pedro Lora, de 19 anos, passou a manhã do dia 30 de janeiro atualizando a página do Sisu. Quando o resultado apareceu, ele descobriu que estava em primeiro lugar na reclassificação (ou seja, se alguém desistisse, ele seria o primeiro a ser chamado pela universidade).
Chegou até a enviar uma mensagem para o pai: “Sou o 21º de 20. Uma única unidade de pessoa [na minha frente]”.
Só que, quando Pedro entrou novamente no site no dia seguinte, sua posição havia caído para 27º lugar.
“Minhas chances diminuíram exponencialmente. A lista de engenharia elétrica não costuma ‘rodar’ tanto. Dá um sentimento de frustração: recebi uma injeção de expectativa e depois perdi tudo”, afirma.
O MEC não forneceu detalhes sobre como o problema ocorreu, e a investigação está em andamento para esclarecer os eventos que levaram à divulgação inadequada dos resultados do Sisu.
Com informações do G1.