Servidores públicos federais trabalham com a possibilidade de uma paralisação unificada, para pressionar por um aumento salarial ainda em 2024. Na esteira de movimentos iniciados por carreiras, como a greve de 24h prevista no Banco Central para a próxima semana e a suspensão de atividades de funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma ação geral é vista como alternativa, caso uma contraproposta que será apresentada na próxima quarta-feira (10.jan) não avance.
“Por enquanto, várias categorias isoladamente estão definindo datas para paralisar. O que o Fórum [das Carreiras de Estado, Fonacate] vai fazer é, já a partir dessa contraproposta, a gente tentar unificar esses calendários e ver se tem como fazer um dia nacional de todos esses que estão paralisando isoladamente. Fazer uma coisa só”, afirmou, ao SBT News, o presidente do Fonacate, Rudinei Marques.
De acordo com Marques, a movimentação depende do retorno do governo ao texto que será protocolado junto à Secretaria de Relações do Trabalho, do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. O documento vai pedir para que o reajuste anunciado pelo governo ao próximo biênio seja antecipado para este ano, além de uma equiparação entre carreiras públicas federais.
O presidente do Fonacate também destaca que a possível greve unificada ainda será discutida entre os representantes de carreiras: “Leva um pouco de tempo para construir, mas [a paralisação] está no radar”. Uma reunião para iniciar as discussões sobre o tema deve ser articulada a partir da terceira semana de janeiro.
“A gente não aceita congelamento salarial em 2024, ainda mais o governo já tendo assinado acordo com outras carreiras, algumas por medida provisória no último dia do ano. Não tem sentido conceder para alguns e não para os demais, então a gente vai insistir que quer algo ainda para 2024”, diz.
Contraproposta ao governo
Servidores questionam a sugestão enviada pelo Executivo, indicando apenas adequações em benefícios de refeição, saúde e creche, sem impacto salarial para o ano. O governo estabeleceu a atualização de 51% para auxílio-saúde e auxílio-creche. E de aumento do vale alimentação, de R$ 658 para R$ 1 mil. Um aumento em folha, no entanto, ficou parcelado e para o próximo biênio – com 4,5% a serem pagos em 2025 e 2026.
Funcionários públicos em greve
Desde o início do ano, servidores do Ibama iniciaram paralisação das atividades, com pedidos para reestruturação de carreira, fortalecimento das instituições ambientais federais e melhoria das condições de trabalho do instituto. Na última semana, funcionários do ICMBio aderiram ao movimento.
Funcionários do Banco Central também confirmaram uma greve de 24h na próxima quinta-feira, 11 de janeiro. O movimento foi aprovado em assembleia dos servidores na última sexta-feira (5.jan). A expectativa é de que a adesão supere os 70%, de forma que apenas serviços essenciais continuem em funcionamento no dia.
De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fabio Faiad, esta será a maior paralisação em um dia da história do BC. “O desempenho do presidente Roberto Campos Neto é insuficiente e o governo não trouxe proposta concreta ainda, por isso os servidores indicaram o estado de greve”, declara.
A reportagem entrou em contato com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos para posicionamento frente à paralisação de carreiras e indicativo de greve do Banco Central, assim como críticas à sugestão de parcelamento do aumento a servidores, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. O espaço segue aberto para manifestação.
Fonte: SBT News.