A temida palavra “Hiperinflação” voltou a ser uma realidade para os consumidores brasileiros. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial da inflação no país, os preços dos alimentos aumentaram em média 17% nos primeiros trimestres de 2023. E os especialistas alertam: o pior ainda pode estar por vir.
O que causa a hiperinflação nos alimentos?
A hiperinflação alimentar é resultado de uma combinação de fatores. Entre eles, desequilíbrios na oferta e demanda dos produtos, alta nos custos de produção, questões climáticas que afetam as safras e das políticas de comércio internacional.
No entanto, a atual escalada dos preços tem como principal protagonista a alta do dólar. Grande parte dos insumos utilizados na agropecuária (fertilizantes, defensivos agrícolas, rações) é cotada em moeda estrangeira, e o aumento de seu preço acaba sendo repassado para o consumidor final.
Alimentos com maior alta nos preços
Alguns alimentos têm chamado a atenção pela rápida e expressiva alta em seus preços. No topo da lista estão a carne, o trigo e a soja. Embora os motivos sejam distintos, a consequência é a mesma: alimentos mais caros nas prateleiras dos mercados e menor poder de compra para o consumidor.
Os preços da carne bovina, por exemplo, foram impactados diretamente pelo aquecimento das exportações para a China. Já o trigo, matéria-prima de grande parte dos alimentos consumidos pelos brasileiros, sofreu com problemas climáticos além de ser fortemente influenciado pela taxa de câmbio.
O impacto no bolso dos consumidores
O fenômeno da hiperinflação dos alimentos traz um impacto direto e imediato no bolso dos consumidores, especialmente aqueles com menor poder aquisitivo. Isso porque a fatia destinada à alimentação é proporcionalmente maior nas classes mais baixas.
O chamado “prato feito” – refeição básica do brasileiro composta por arroz, feijão, carne, ovo, batata-inglesa, tomate, pão francês, leite integral, café em pó e banana – terá seu preço aumentado em quase 20%, segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
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Como fica a economia?
Muito além do efeito direto sobre os preços, a hiperinflação alimentar traz consequências preocupantes para a economia como um todo. Ela desestabiliza as expectativas de inflação, fazendo com que o Banco Central tenha que subir a taxa de juros (Selic) para tentar controlar o fenômeno. Isso aumenta o custo do crédito, desestimula o consumo e os investimentos, freando a atividade econômica.
Nesse contexto, a recomendação para os consumidores é tentar diversificar ao máximo a dieta, optando por alimentos similares, mas que estejam com preços mais em conta. Além disso, buscar estabelecimentos que ofereçam melhores preços e de se planejar antes de ir às compras pode contribuir para amenizar as dificuldades. A situação é complexa e requer atenção tanto de políticas públicas quanto dos cidadãos.