Foto: Ricardo Stuckert/PR
Bolsa de valores registra o menor patamar em mais de um mês, com investidores receosos com programa do governo que promete subsídios, exigência de conteúdo local, recursos a fundo perdido
O receio com a saúde fiscal do país voltou a preocupar os agentes econômicos nesta segunda-feira, 22. Além do relatório recente do TCU (Tribunal de Contas da União) apontando para receitas “superestimadas” no orçamento da União, o problema agora é o programa Nova Indústria Brasil apresentado pelo governo.
Operadores de mercado demonstraram receio em relação ao financiamento do plano do governo de investimentos de R$ 300 bilhões até 2026 na indústria local, além da desconfiança com a retomada de ideias velhas como subsídios e obrigatoriedade de conteúdo local.
De acordo com comunicado da Presidência, os financiamentos serão provenientes de várias fontes e serão geridos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial). O BNDES será responsável por disponibilizar R$ 250 bilhões.
O programa inclui linhas de crédito especiais, recursos não-reembolsáveis, ações regulatórias e de propriedade intelectual, além de uma política de obras e compras públicas com incentivo ao conteúdo local.
A incerteza se refletiu no desempenho do real, que teve o pior desempenho entre as principais moedas e entre as emergentes. Por aqui, o dólar que encerrou o dia em alta de mais de 1%, cotado a R$ 4,99, o maior patamar desde novembro.
Os juros futuros de longo prazo também registraram aumento de cerca de 7 pontos base. As taxas registraram alta em todos os vencimentos acima de 18 meses. Apesar disso, o mercado manteve a aposta de cortes na Selic para este ano, que levariam a taxa básica de juros para 9,5% ao ano.
Na bolsa de valores, enquanto os índices acionários em Nova York apresentaram alta, o Ibovespa recuou 0,81%, de volta aos 126,6 mil pontos – o menor nível em mais de um mês. Entre as principais contribuições negativas, as empresas ligadas ao varejo e ao setor financeiro ocuparam posição de maior destaque.
O Antagonista