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André Mendonça viajou ao país em meio à guerra bancado pela Confederação Israelita do Brasil e por ONG israelense
O périplo de juízes pelo país do Oriente Médio, que vive um conflito armado com o Hamas desde outubro. A viagem, bancada pela Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a ONG israelense StandWithUs, vinha sendo articulada discretamente nos bastidores do Judiciário até ser divulgada pela reportagem.
Mendonça, que tem presença muito discreta nas redes, mas conta com 479 mil seguidores, atualizou a capa de seu perfil no X com uma imagem que traz uma frase de protesto aos reféns sequestrados pelo grupo em hebraico.
“Homens, mulheres, bebês e pessoas idosas ainda sequestrados pelo Hamas”, diz o texto, inserido entre fotos de diversos reféns.
Ele também atualizou sua foto e optou por um registro em preto e branco e semblante pesaroso, em solidariedade às vítimas do Hamas. Antes da viagem, o último post de seu perfil havia sido publicado em abril de 2022, há quase dois anos.
Ataque do Hamas ocorre em meio à trégua em Gaza e deixa mortos em Jerusalém
Evangélico presbítero, Mendonça é o único ministro do STF a integrar a comitiva de magistrados. O magistrado foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro com o apoio do segmento religioso, que, como mostramos em outubro, tem afinidade com a simbologia de Israel e demonstrou forte apoio ao país no contexto dos atentados do ano passado.
Os participantes teriam viajado a Tel Aviv em duas datas, 20 e 23 de janeiro. A comitiva inclui ainda integrantes do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Superior Tribunal Militar (STM), do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) e do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).
De acordo com o convite encaminhado aos magistrados, ao qual tivemos acesso com exclusividade, a delegação “de alto nível” também buscaria “entender questões e impactos jurídicos, sociais e econômicos” do conflito a partir de agendas com as poderosas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) e “especialistas e portadores de informações relevantes” sobre a guerra e a geopolítica na região.
Em entrevista concedida à revista Veja em novembro, pouco mais de um mês após os ataques contra Israel que deflagraram o sangrento conflito em Gaza, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, classificou as ações do Hamas como “terrorismo” e argumentou que relativizar a atuação do grupo seria obra de um “inominável antissemitismo”.
Barroso ponderou, entretanto, que é possível divergir “duramente” da política de Israel para os territórios palestinos “sem jamais justificar a barbárie”. Pontuou, ainda, que a reação das forças israelenses deve respeitar “o Direito Internacional e princípios humanitários”.